terça-feira, 9 de setembro de 2014

Quem me manda abrir uma excepção? (II de III)


Digam o que disserem, o mais importante num casamento é a comidinha. Se a comida não for ao nosso gosto, não podemos ficar satisfeitos, por mais que saibamos que o essencial é que os noivos estejam contentes e sejam felizes para todo o sempre. É que isto do contentamento e da felicidade dos noivos é primordial para eles, os noivos. Nós, os convidados, o que queremos é comer bem. E o resto é conversa.
Fico logo mal disposta quando chego à minha mesa e não está lá a ementa. Uma pessoa gosta de estar preparada para o que aí vem. Por exemplo, se soubermos de antemão que o prato de peixe é melhor do que o de carne, aceitamos repetir, quando o garçon passa com a travessa uma segunda vez pela nossa mesa. Agora, se o prato de carne anunciado soar a mais apetitoso, preferimos não encher demasiado a pança com o peixe para repetir à vontade a carne. Simples.
Depois, é sempre bom perceber se vai ou não vai haver uma sobremesa à mesa e, caso haja, qual é. Ficamos logo a saber se o estômago vai ficar aconchegadinho no final ou se vamos ter de esperar que seja aberta a mesa de doces.
Posto isto, este casamento tinha a ementa nas mesas. Menos mal, julguei eu. Comecei a ler a cena mal me sentei. E os meus olhos ficaram hipnotizados quando chegaram à sobremesa. De repente, fiquei muito satisfeita. Não foi preciso mais para ficar feliz da vida. [Entusiasmo de pouca dura, posso acrescentar agora.]
 
 
Bastou-me ler petit gâteau (enfim, não estava bem escrito assim, mas não faz sentido copiar com erro ortográfico) para aturar, com bastante calma, o bater de talheres nos pratos, as palminhas e os beija!beija!beija!  histéricos dos convidados. É que não sei o que se passa nos casamentos. Mas, uma coisa é certa, a malta fica maluquinha. Parece que nunca se viu um beijo entre marido e mulher. Tudo quer ver os noivos a beijarem-se. E não basta uma vez. Pedem bis e tris e mais uns quantos. Não se cansam, nem comem descansados.

Mas pronto. Vamos mas é ao que interessa, o famoso petit gâteau. Pois que, mal o vi chegar, a coisa não me cheirou. Logo pelo aspecto do bolo, percebi que aquilo não era bem o que eu queria. Venderam-nos gato (a não confundir com gâteau, atenção. piada fraquinha, fraquinha, eu sei) por lebre, foi o que foi. Não foi bonito não senhor. É que, ao cortar o bolito, não saiu de lá de dentro chocolate derretido quentinho. Aliás, aquilo era bastante seco. Só o consegui empurrar com a bola de gelado. Caso contrário teria ficado no prato.

 
 
Desilusão tremenda. E só não pedi o livro de reclamações porque já tinha esgotado o palavreado todo no postal e na mensagem aos noivos. Foi a sorte deles.
 

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Molhadinho, quentinho, por dentro e rijinho por fora, Evazita. Assim é que deve ser! Este era seco, seco e mole. Uma vergonha, é o que eu te digo. Aquilo só visto…

      Eliminar