Lena Macka
ontem.
Passaram vinte e três horas e meia e, até agora [je touche du bois], zero sintomas.
Maltinha, ide vacinar-vos,
por amor do mundo,
do sol
e da lua,
de todas as estrelas do céu,
das flores
e das árvores,
dos passarinhos
e dos coelhinhos
e de tudo e mais alguma coisa.
Agradecida.
Como saber se alguém nos desligou a chamada na cara; sem ter de dar a cara?
Ou seja, sem perguntar des-cara-damente ao cara se teve o despautério de cometer tal falta de respeito. Não vai com a minha cara? Tudo bem. Dizem que tenho cara de poucos amigos, realmente. E está na cara.
Mas, cara-ças...
É que não sou de mandar à cara estas coisas. Agora, é caso para uma pessoa mais vulnerável ficar de cara à banda.
O certo é que ainda nem consegui en-cara-r devidamente o sucedido.
A sério, cara-go?
Que cara-de-pau!
Foi o tempo que passou desde o baptizado da Bolachita.
Quase seis anos depois, tratei - finalmente - de lhe criar um álbum, cheio de recordações daquele dia.
É estranho. Olhar para aquelas fotos todas; é-me estranho.
Aquelas memórias são tão vagas. Parece que tudo aconteceu numa outra vida.
Uma vida que não esta.
Minto.
Parece que não fui eu que a vivi, aquela parte da minha vida.
Pelo menos, não a pessoa que sou e está a escrever, agora.
Acho que é isso.
No entanto, sou a mesma. Tal e qual. A mesma.
Estranho?
Eu sei,
foi o que eu disse.
Há noites escuras
e dias sem sol.
Há manhãs sombrias;
há tardes frias.
Há horas obscuras
que tardam em passar,
em que fôlegos,
vazios,
procuram ar.
Há vidas sem rumo
que só querem sossegar.
E há a minha boca
na tua,
a tentar
sugar
o teu alento
e, com ajuda do vento,
voltar
a respirar.