segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Quem me manda abrir uma excepção? (I de III)


Começou com a celebração do matrimónio.
Padre jovem. A malta em geral costuma gostar de padres jovens. Eu cá não sou fã. Aquela mania de tentarem vender-nos a ideia de que a igreja é uma cena cool e de que o padre é um homem como outro qualquer não desperta em mim qualquer tipo de admiração ou simpatia. O padre do casamento do passado sábado era desses mesmo. O discurso foi breve. Muito breve, para ser sincera, já que a cerimónia, no seu todo, demorou uns trinta a quarenta minutos. Dizia então que o discurso tinha sido breve - pelo menos isso - e, mesmo assim, foram abordados dois ou três assuntos que me aborreceram um tico.


Primeiro, o senhor padre abriu o seu discurso com uma citação do Nilton. Eu cá não quero parecer rude, mas tenho de confessar que padre ou frade ou outro tipo qualquer que me fale do Nilton para desenvolver um assunto, seja ele qual for, não me merece grande consideração.

Depois, falou dos pequenos arrufos (já disse que não suporto esta palavra?) entre marido e mulher. Aqueles que são inevitáveis e que não devem ser sobrevalorizados mas sim ultrapassados. E teve de dar um exemplo. É que, pelos vistos, a malta não sabe o que isso é. O padre tem obrigatoriamente de exemplificar a coisa. E aqui vai o exemplo aleatoriamente (suponho eu) escolhido pelo padre em questão: o marido está a preparar-se para sair de casa, quer vestir uma determinada camisa e a mulher ainda não a passou a ferro. Cá está um motivo mais do que válido para o marido se chatear com a mulher. Cena estereotipada? Nããããããããoooooooo, que ideia. É mais do que natural a mulher ter de passar a ferro as camisas do seu homem. É mais do que natural essas camisas terem de estar passadas sempre que o homem tenha vontade de vestir as mesmas. É mais do que natural, portanto, o homem ficar irritado quando a sua mulher não cumpriu, em tempo e horas, com as obrigações que lhe são devidas. Resumindo, compete à mulher passar as camisas do seu homem, como lhe compete passar o resto da roupa toda. Já para não falar de todas as outras tarefas domésticas que são, obviamente, da responsabilidade da esposa moderna que deseja ter um casamento sereno e feliz. Bonito. [Esta última parte não foi referida pelo padre. Acredito que por falta de tempo. Por isso mesmo me autorizo a acrescentá-la aqui, em jeito de conclusão sobre o assunto.]

De seguida, mencionou o Principezinho. Aposto que a grande maioria das pessoas que estavam presentes não fazem a mais pálida ideia do que se trata. Acredito que, grande parte, deve ter pensado que o padre estava a falar do filhinho do William e da sua Kate. Mas pronto, isso ainda é o menos. Usou a metáfora da rosa, o padre. Segundo ele, a noiva é a rosa do noivo e o noivo é a rosa da noiva. Tão bonito.

Finalmente, o padre perguntou à assembleia se esta autorizava que o noivo beijasse a noiva. Insistiu, dizendo que não haveria beijo se os convidados não o desejassem. Piada boa. E a malta lançou um entusiasmado siiiiiiiiiiiiiim! Tão, mas tão, bonito.

E, de momento, fico-me por aqui.
 

18 comentários:

  1. Por essas e por outras é que eu não uso camisas. Já agora, quem é que passa as camisas aos padres?

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    1. Eheheh esse teu raciocínio até que poderia ser pertinente, Eduardo, caso a única peça de vestuário a precisar de ser passada fosse a camisa… Agora, se me disseres que usas única e exclusivamente roupa interior e peúgas, aí sim, já é outra conversa. Diria até que mereces a minha consideração ;p
      Olha, boa pergunta...

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    2. Poucas coisas que visto precisam de ser engomadas. O resto, põe-se a secar bem esticadinho e serve. Acho eu, porque lá em casa não sou eu que trato da roupa. Consegui convencê-la sem precisar do padre ;)

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    3. Ahahahahah! Afinal mandas palpites, mas não sabes porque não és tu que tratas do assunto... E eu que, ao ler o início do teu comentário, até estava a depositado alguma esperança em ti. Vai-se a ver e és como os outros... :p
      Bem, isso de a teres convencido sem ajuda quase divina é um feito. Esse mérito ninguém te pode tirar ;)

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  2. ahahahahah ok, agora dou-te razão!
    Mas há padres mesmo bons. Novos e velhos. Mesmo, mesmo bons, que fazem uma cerimónia de 2h (no meu circulo somos todos beatos e os casamentos têm sempre missa) parecerem durar 5 min.
    (claro que, tal como esse, há padres mesmo muito maus: o pior de que me lembro foi no casamento de uma amiga na altura da homilia - do discurso! - em que o padre demorou uns 10 min a dar na cabeça da noiva por ter chegado atrasada).
    Enfim, coisas da vida!

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    1. “há padres mesmo bons”? Sua desavergonhada… (ahahahahahah ;p)
      Alto lá. Eu cá não disse que este padre era muito mau. Longe de mim fazer juízos de valor de que natureza for…
      Pois que esse padre que deu na cabeça da noiva (salvo seja, coitada) por chegar atrasada fez muito bem sim senhora. Se há algo que me irrita sobremaneira é malta que se atrasa. E, para mim, noiva não é excepção. Aliás, nunca percebi por que raio as noivas têm de ter essa mania. Acho ridículo.

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    2. eheh nem pensei nesse sentido, mas também há padres "mesmo bons" dessa maneira sim :P Que a gente olha e vê ali um desperdício, mas pronto, temos de superar estas pequenas desilusões da vida :P
      Oh pah, mas não podia dar na cabeça à rapariga no fim? Tinha de ser durante o casamento? Foi muito pouco educado -.-'

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    3. 'nem pensei nesse sentido'... deves achar que nasci ontem, não? ;p
      Ahahahahah! Essa do desperdício foi boa. Mas olha que já apreciei uma amostra relevante de padres jovens e não os acho por aí além. Se não fossem padres, aposto que ninguém lhes ligava nenhuma. Mas como são padres, o mulherio diz logo que são bem jeitoso e mais isto e mais aquilo.
      No fim? Mas qual fim? O padre tem mais o que fazer. Tem que ir à vidinha dele. Olha-me esta... ;D

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  3. Não percebo nada de padres... mas não consigo deixar de pensar que aquele pano sobre o altar é patrocinado pelo MEO.

    - Rui Roque -

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    1. Acreditas que pensei tal e qual?! De quando em vez, lá desligava por completo do discurso do senhor padre, não por não estar interessada pelo conteúdo do mesmo, mas porque não conseguia tirar os olhos daquela publicidade descarada…

      Muito bem-vindo de volta, Roque :)

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  4. Cala-te e vai-me passar a camisa a ferro!

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  5. Eu já fui a um casamento em que o padre para se parecer tão cool... até falou das obrigaçoes sexuais de cada um no casamento...á serio...e mais não digo!

    eu tb acho que que o pano do altar é patrocinado pela MEO!

    Lili

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    1. A sério? Mas os padres percebem lá alguma coisa de ‘amor carnal’? Era o que mais faltava… ;p

      Já somos 3, Lili! ;)

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  6. Estás a gozar que o padre usou o exemplo da camisa que não está passada!!!!
    Eu não sou católica, aliás nem acredito em nada, mas fiquei chocada!

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    1. Não, infelizmente, não estou a gozar. Tudo verdade verdadinha.
      Quanto mais ia ouvindo o conteúdo do discurso, mais olhava para todos os lados, a pensar que era para os apanhados. Mas não. Não era mesmo.

      E o padre era super jovem...

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    2. Nestes casos a bolachita tem grande utilidade... pais podem sempre ir para a rua com os pequenos, têm desculpa ;)

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    3. Sem dúvida. Mas acreditas que não me apeteceu sair? Estava curiosa para ver até onde conseguia chegar no grau de parvoíce.

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