segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Daquilo dos beijinhos #2


(AVISO: o post que se segue é do mais lamechas que há. Prometo, no entanto, não voltar a repetir tal coisa.) *


Estou sempre a pedir-lhe beijos. Sim, sempre. Umas quantas vezes por dia. E ela, nada. Não me dá nem um.
Costuma virar a cara para o lado e rir-se, a magana. Ou, então, foge a correr. Com aquelas pernitas pequenitas, a cambalear, tipo boneco de corda. E sempre a rir. Como que a desafiar-me. A brincar comigo. Como se quisesse mostrar-me o que as pessoas a quem recusei dá-los, um dia, sentiram na altura.
Mas eu não desisto. Ah não. Volto à carga. Todos os dias. Sempre. A pedir-lhe mais um.

Ontem à noite, estava para lhe dar o banho. E antes de a pôr na banheira, lembrei-me de lhe pedir o tão desejado beijo. Como sempre, pus-me de cócoras, a uns dois metros dela. E pedi-lhe, uma vez mais.
Cookie riquiqui, viens faire un bisou à maman, disse, apontando para a minha bochecha direita com o dedo indicador. Estava prestes a levantar-me, sem o meu beijo. Já estou mais do que habituada. Mal era se não estivesse, depois de tantos meses com o mesmo ritual e sem resultado algum. Mas, ontem, ali na casa de banho, entre o lavatório e a banheira, parei no meu ímpeto. Assim, de repente, vi a Bolachita a dirigir-se a mim. Toda sorridente, encostou a boquita dela à bochecha que lhe tinha estendido poucos instantes antes e deu-me um beijo. Daqueles repenicados, cheios de som. E, depois, abraçou-se a mim.

Bem. Aquilo, no momento, foi melhor do que ganhar o maior dos prémios (aliás, e pensando um tico, percebo que já o ganhei, há dezasseis meses e meio atrás, o maior de todos os prémios). Fechei os olhos e, acredito, parei de respirar durante alguns segundos. Tudo para não estragar o momento. Tudo para guardar aquele gesto na eternidade daquele instante. E apeteceu-me pedir mais um. Só mais um. Mas fiquei com tanto receio de ela se recusar de novo que preferi ficar só com aquele. Ali. Quietinha. A respirar o seu afecto.

Aquele beijo já ninguém me tira. É meu. Mesmo que, depois deste, não volte a ter mais nenhum.





* pronto, já tinha prometido aqui que não voltava com mais lamechices. mas, em minha defesa, vou ter de relembrar que isto da maternidade transtorna uma pessoa e blablabla. culpem o raio das hormonas, ué!

nota: hoje, não resisti em pedir-lhe outro. ou seja, dois já cá cantam. ah pois. (vou pedir só um por dia. não se deve abusar da sorte.)

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