quinta-feira, 19 de julho de 2012

Uma espanhola, um espanhol, dois indianos e um português


Ontem à noite, fui tomar café com uma espanhola, um espanhol, dois indianos e um português. (Gira, esta parte. Até parece o início de uma daquelas piadas que toda a gente conhece. Enfim, eu não conheço nenhuma porque mal me contam esqueço logo. Isso já seria outra história.) Era a primeira vez que via estas pessoas (excepto o português). Quando cheguei ao ponto de encontro, já lá estavam todos. O espanhol foi o primeiro a dirigir-se a mim, com um enorme sorriso, estendendo-me de imediato o rosto para um cumprimento bem familiar. Aquele cumprimento com dois beijinhos. Depois veio a espanhola, também com um grande sorriso,  e o cumprimento anterior repetiu-se. Aproximei-me, de seguida, dos indianos. O sorriso foi bem mais discreto e o primeiro estendeu-me a mão. E esticou bastante (diria até muito) o braço para, parece-me, não haver qualquer aproximação física. O segundo indiano, pois que fez igualzinho. Ainda bem que eu não sou, nestas coisas, uma miúda muito expansiva. Já viram se, depois do cumprimento caloroso com os espanhóis, estendesse, toda sorridente, a carita para os senhores? Até poderiam ficar ofendidos, sei lá. O que sei é que, eu, ficaria muito envergonhada e com as bochechas a arder.
Depois do café, fomos passear pela baixa. Nunca tive tanta dificuldade em contar a história de Pedro e Inês como tive ontem. Os espanhóis não entendiam português e tinham um inglês pior do que o meu. Os indianos, a mesma coisa. Para os espanhóis, até que me safei. O meu espanhol já foi melhor, mas é como andar de bicicleta, nunca se esquece totalmente. Agora, com os indianos, a história foi outra... Eu lá tentei explicar, no meu inglês com sotaque francês. E eles bem que abanaram a cabeça de cima para baixo. Agora o que eu não sei é se foi por educação ou porque, efectivamente, ficaram a saber mais um pouco desta parte da nossa história.
Quando chegámos perto do urso verde, no Parque Verde, um indiano tentou explicar que aquele urso era muito parecido com o logótipo de um banco. Perguntei-lhe se era um banco indiano. Respondeu-me, apontando com o indicador direito para o chão: "No, here, in Spain"... Nem me quis dar ao trabalho de explicar ao moço que aqui não era Espanha. Já tinha perdido as forças todas com aquela parte da morte de Inês de Castro e do sofrimento de D. Pedro. Mas, quando chegámos frente ao Portugal dos Pequenitos, não deu para ficar calada. Já não sei o que disse, mas o mesmo indiano (bem mais falador do que o outro) perguntou-me: And the king? He lives here? Lá tive de me dar ao trabalho de explicar que Portugal é Portugal e que Espanha é Espanha. Ou seja, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Ponto final.


 
(o urso verde do Parque Verde)


(O urso verde da Bankia. e não é que o indiano até tinha a sua razão)




nota: não falei do português, mas, como é óbvio, cumprimenta como os espanhóis e tem a vantagem de saber falar português, de conhecer a história de Pedro e Inês e de não fazer confusões, sendo português, sabe que não é espanhol...

8 comentários:

  1. tenho uma foto muito jeitosa que me tiraram numa altura em que tentava trepar até à cabeça do urso. não consegui chegar sequer a meio. por isso digo que a minha parte favorita do parque são mesmo os pontões em consola na margem do mondego :p

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    1. Não tem vergonha, menino Pedro?! Por isso é que o coitado do urso está constantemente num estado lastimável. Também gostavas que te trepassem até à cabeça, hein? ;p
      Estás a falar da ponte Pedro e Inês, é isso? Por acaso já tirei umas fotos bem engraçadas nessa ponte. E, de noite, fica super gira mesmo. Bela parte, sim senhor :)

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    2. pois fique sabendo, caríssima mam'zelle, que eu não estraguei nada, e que, muito frequentemente (especialmente agora, nestes últimos meses), tenho sido trepado até à cabeça:p

      a ponte é muito bonita, sem dúvida, tenho óptimas memórias de lá estar, mas falava disto:
      http://www.euroacessibilidade.com/images/fotos/grande_parque.jpg

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    3. Ahahahahah! A sério? Mas é o quê, pulgas, piolhos?

      Ah, ok. Realmente também é muito fixe, sim. Bem, concluindo, Coimbra é a cidade mai liiiiiinda e não se fala mais nisso ;p

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  2. Tenho uma fotografia sentada na pernita do urso, no tempo em que ele era em relva.. antes de lhe fazerem aquela grande maldade! Coisa mais fofa!

    Cisca

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    1. É muito fofo sim, Cisca :)
      Também és de Coimbra?

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    2. Não sei se rio ou se choro... Muito pessoal que vem viajar pela Europa acaba a jornada em Espanha e despreza a visita a Portugal. Basicamente acham 'que não vale a pena'... Não vale a pena o car#$% :(, os que vêm ficam siderados e bastante surpresos. Sermos pequenitos dá nisto...

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    3. Tens toda a razão, Aidan. É uma pena e uma estupidez não termos mais visibilidade neste mundo :( Temos de tentar alterar isso, aos poucos.

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