quarta-feira, 13 de julho de 2016

Por este andar, chega-me aos dezoito anos e não quer sair de casa.


A Bolachita nunca dormiu comigo. 
Mesmo quando era bebé, e que tinha de lhe dar de mamar de duas em duas horas, fazia questão que dormisse no berço dela, ao lado da minha cama.
Esta regra teve algumas excepções, como é óbvio. Por exemplo, nos seus primeiros meses de vida, aconteceu uma ou outra vez adormecermos as duas enquanto ela mamava. Acordava, umas horas depois, com a Bolachita a dormir profundamente, agarrada à minha mama. Ou, então, numa ou noutra noite em que acordava tantas vezes a chorar que acabava por me vencer pelo cansaço e lá a deitava à minha beira.
Nestes quase três anos de vida, contam-se pelos dedos das mãos, as vezes em que deixei que a Bolachita dormisse comigo. E ainda ficam dedos disponíveis para próximas eventualidades.

Mas parece que essas eventualidades estão todas a surgir ao mesmo tempo.
Já há largos meses que o ritual era o mesmo. Depois do banho, dava-lhe o biberão na cama dela e, no final, saía do quarto e deixava-a sozinha, de luz apagada, até ela adormecer. E ela não reclamava. Tudo tranquilo na paz dos anjos.
Agora, de há uns dias para cá, temos tido novidades. É que, depois de fazer tudo como de costume - dar-lhe o biberão e deixá-la sozinha no quarto - e descer em silêncio, não passam mais de cinco minutos antes de a Bolachita começar a chamar por mim, entre choros e berros. Quando vou ter com ela e a deito de novo na cama, contesta e repete, em modo loop, "mamã e tatana", apontando para o meu quarto.
Cedi duas vezes.



A primeira, porque só começou a chorar uma meia hora depois de eu a ter deitado. Pensei, por isso, que tinha tido um pesadelo. E não queria que a miúda ficasse traumatizada para todo o sempre.
A segunda, porque a  dor de cabeça e o cansaço que tinha  fizeram com que a deixasse levar a melhor. 
Desde então, tem sido um castigo. Deito-a. E ela chora e chora e levanta-se e chora e chora e chama por mim e chora e chora e abraça-me e chora e chora e diz que não quer dormir sozinha e chora e chora. E, eu, lá tenho de ir buscar toda a calma que é suposto uma mãe ter, deito-a na cama, tento acalmá-la e fico um pouco à beira dela a ver se adormece.
Resumindo, em vez de adormecer por volta das vinte e três horas, só adormece muito depois da meia noite, vencida pelo cansaço. Lá vai fechando e abrindo os olhos e, aos pouquinhos, lá vai adormecendo, comigo à beira dela a assistir àquela ternura. O certo é que não a deixo ir para a minha cama. A ver se as coisas voltam à sua normalidade.

A conclusão a que chego é que a miúda, em vez de se emancipar cada vez mais, está cada vez mais bebé. E isso não faz sentido. Isso não me dá grande jeito. Jeitinho nenhum, melhor dizendo.
É que - esperta e com visão para o negócio - já tinha pensado alugar o quarto dela a um qualquer estudante, assim que a cachopa completasse os dezoito anos.
Querem ver que me vai estragar o esquema, o raio da garota?
Estou bem tramada.






nota: escrevi isto ontem à tarde. à noite, já adormeceu sem dramas. chamou por mim umas duas ou três vezes, quando saí do quarto dela. fui lá, disse-lhe para fazer dodo, que estava tudo bem. e ela ficou. e adormeceu. como antigamente. agora, sejam bonzinhos comigo. rezem para que tudo volte ao normal e para que este post deixe de fazer qualquer sentido de tão desactualizado que é. obrigadinha a todos, sim?

10 comentários:

  1. É normal Mam'Zelle! É a idade dela regredir em algumas coisas. Pode estar associado a um evento qualquer na vossa vida mais stressante (ou na tua, ou na dela, ou nas duas) ou até pode não ser nada disso. Acontece às vezes. Se não queres que ela durma contigo, ficares ao pé dela enquanto ela adormece é excelente :) ela não se sente desapoiada, sabe que a mãe está ali, mas sabe também que não vais ceder e que há uma caminha para a mãe e uma caminha para a filha e que as misturas são exceção :P

    Ai os putos. Dão tanto trabalho que ultimamente tenho pensado se algum dia quererei ter filhos! O que dizes? Gravidez, parto, pós parto, cólicas, birras, noites mal dormidas, valem a pena? :P

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    1. A sério que ainda não tens filhos?! Bolas, com essas ‘teorias’ todas tão bem alinhadas, juraria que sim. ;D
      Muito obrigada. Se achas que estou a fazer tudo certo, fico bem mais descansada. (já disse que eras uma fixe? já? pronto então.)

      O que eu digo? Perguntas o que eu digo sobre ter ou não ter filhos? A sério?! Hellooooooo… Mam’Zelle, mãe desnaturada em potência máxima, deste lado. ;p

      Agora um tico mais a sério. Cada experiência é uma experiência, por isso, não te fies muito no que vou dizer. Mas já que perguntas, aqui vai o meu testemunho.
      Gravidez? Adorei, adorei, adorei! Se não fossem algumas restrições alimentares, quereria ficar grávida para todo o sempre. A Bolachita nasceu com quarenta semanas e dois dias. Mas, por mim, ficava lá mais nove meses. E o pipo de dez litros que me fazia vez de barriga não me atrapalhava minimamente.
      Parto? Não me posso queixar. Rápido e eficaz. Quase que nem dei conta dele. Só teria preferido que me calhasse outra anestesista. Estava a ver que aquela epidural não saía.
      Pós parto? Depois de me tirarem os três pontos apertadíssimos (fui cosida por uma estagiária que devia ter medo que me saíssem todas as vísceras pelo pipi, só pode) correu lindamente. Não tinha quilos a mais para perder, nem me apareceram estrias para me lamentar sobre elas. Por isso, na boa.
      Cólicas? Essas são tramadas. Mas tive a sorte de a Bolachita não sofrer muito desse mal. Houve um ou outro dia mais complicado, mas as bochechinhas delas conseguiam compensar o cansaço.
      Birras? Beeeeeeem… isso é outra história… o importante é uma pessoa saber impor-se e não deixar que a cria abuse. Simples (mais ou menos).
      Noites mal dormidas? Uma vez mais, tenho de admitir que a Bolachita não se portou assim tããããããão mal. Não posso dizer que seja fácil. Mas os dias repletos de coisas boas, ao longo do crescimento da cachopa, compensam tudo.
      Se vale a pena? Acho que já respondi. Agora, cada pessoa é uma pessoa. E cada pessoa tem as suas vontades, as suas necessidades, os seus objectivos de vida (menos eu), os seus limites. E, por isso mesmo, cada pessoa ou, neste caso, cada casal é que sabe de si.

      hein? muito extensa esta resposta? Estás fartinha de ler? Que lata. Não perguntasses a minha opinião, ué! :p

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    2. Tu não me ligues importância, que isto são só teorias de quem não percebe nada do assunto :P
      Uma pessoa lê pela internet experiencias tao traumatizantes de maternidade que soube bem ler o teu comentário super extenso :P talvez um dia pense nisso, vá. Pode ser que me calhe uma cria assim fofa como a Bolachita ^^

      A sério que gostaste de estar grávida? Primeira mulher que ouço dizer isso :P

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    3. Eheheh. Se não percebes, disfarças muito bem. ;)
      Pois, acho que o erro das pessoas é ler cenas na internet. Ou dar ouvidos a uma suposta amiga chata demasiado susceptível ou comichosa e que não aguenta nada.
      Agora mais a sério. Acredito que a gravidez e o parto de várias mulheres tenha sido um período difícil, traumatizante até. Mas eu nunca quis ouvir essas histórias. Aliás, tenho algumas amigas que tiveram gravidezes e partos difíceis e que gostam muito de contar essas desventuras quando nos reunimos. Mas, eu, antes de ter a Bolachita, nunca liguei a essas conversas. (Sim, tenho um botãozito na cabeça que liga e desliga consoante o tipo de tema debatido.) Uma pessoa não pode entrar numa gravidez já com receios de tudo e mais alguma coisa. Não vale a pena sofrer por antecipação. Nunca. :)

      Não, não gostei.
      A-DO-REI!
      Primeira? Talvez tenha a ver com o facto de eu ser um bicho estranho. ;p

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  2. força, não desistas! conselhos não tenho que não sou mãe...

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    1. Eu não preciso de conselhos, LAH. Preciso é que rezem por nós.
      Só isso.
      Sabes, não sabes?
      ;p

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    2. Daqui vão sempre muito boas energias!!!! No worries ;)

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    3. Preocupar-me, não me preocupa. Agora que a pirralha continua demasiado imatura para o meu gosto, lá isso continua… ;p
      Obrigada pelas energias, LAH. :D

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  3. Há quem diga que há a fase dos terrores noturnos. Será?

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    1. Nunca tinha ouvido falar de tal coisa e fui pesquisar.
      Os terrores nocturnos acontecem durante o sono profundo e, durante a crise, a criança não chega a acordar. Ou seja, não pode ser isso. A Bolachita começa a chorar logo depois de eu a deitar na cama. E levanta-se, bem acordada, para vir ter comigo.
      Essa cena dos terrores nocturnos parece ser bastante assustador. Espero bem que a Bolachita não passe por isso.

      Bem-vinda, Gab! :)

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