A Bolachita nunca dormiu comigo.
Mesmo quando era bebé, e que tinha de lhe dar de mamar de duas em duas horas, fazia questão que dormisse no berço dela, ao lado da minha cama.
Esta regra teve algumas excepções, como é óbvio. Por exemplo, nos seus primeiros meses de vida, aconteceu uma ou outra vez adormecermos as duas enquanto ela mamava. Acordava, umas horas depois, com a Bolachita a dormir profundamente, agarrada à minha mama. Ou, então, numa ou noutra noite em que acordava tantas vezes a chorar que acabava por me vencer pelo cansaço e lá a deitava à minha beira.
Esta regra teve algumas excepções, como é óbvio. Por exemplo, nos seus primeiros meses de vida, aconteceu uma ou outra vez adormecermos as duas enquanto ela mamava. Acordava, umas horas depois, com a Bolachita a dormir profundamente, agarrada à minha mama. Ou, então, numa ou noutra noite em que acordava tantas vezes a chorar que acabava por me vencer pelo cansaço e lá a deitava à minha beira.
Nestes quase três anos de vida, contam-se pelos dedos das mãos, as vezes em que deixei que a Bolachita dormisse comigo. E ainda ficam dedos disponíveis para próximas eventualidades.
Mas parece que essas eventualidades estão todas a surgir ao mesmo tempo.
Já há largos meses que o ritual era o mesmo. Depois do banho, dava-lhe o biberão na cama dela e, no final, saía do quarto e deixava-a sozinha, de luz apagada, até ela adormecer. E ela não reclamava. Tudo tranquilo na paz dos anjos.
Agora, de há uns dias para cá, temos tido novidades. É que, depois de fazer tudo como de costume - dar-lhe o biberão e deixá-la sozinha no quarto - e descer em silêncio, não passam mais de cinco minutos antes de a Bolachita começar a chamar por mim, entre choros e berros. Quando vou ter com ela e a deito de novo na cama, contesta e repete, em modo loop, "mamã e tatana", apontando para o meu quarto.
Cedi duas vezes.
A primeira, porque só começou a chorar uma meia hora depois de eu a ter
deitado. Pensei, por isso, que tinha tido um pesadelo. E não queria que a miúda ficasse traumatizada para todo o sempre.
A segunda, porque a dor de cabeça e o cansaço que tinha fizeram com que a deixasse levar a melhor.
A segunda, porque a dor de cabeça e o cansaço que tinha fizeram com que a deixasse levar a melhor.
Desde então, tem sido um castigo. Deito-a. E ela chora e chora e levanta-se e chora e chora e chama por mim e chora e chora e abraça-me e chora e chora e diz que não quer dormir sozinha e chora e chora. E, eu, lá tenho de ir buscar toda a calma que é suposto uma mãe ter, deito-a na cama, tento acalmá-la e fico um pouco à beira dela a ver se adormece.
Resumindo, em vez de adormecer por volta das vinte e três horas, só adormece muito depois da meia noite, vencida pelo cansaço. Lá vai fechando e abrindo os olhos e, aos pouquinhos, lá vai adormecendo, comigo à beira dela a assistir àquela ternura. O certo é que não a deixo ir para a minha cama. A ver se as coisas voltam à sua normalidade.
A conclusão a que chego é que a miúda, em vez de se emancipar cada vez mais, está cada vez mais bebé. E isso não faz sentido. Isso não me dá grande jeito. Jeitinho nenhum, melhor dizendo.
É que - esperta e com visão para o negócio - já tinha pensado alugar o quarto dela a um qualquer estudante, assim que a cachopa completasse os dezoito anos.
É que - esperta e com visão para o negócio - já tinha pensado alugar o quarto dela a um qualquer estudante, assim que a cachopa completasse os dezoito anos.
Querem ver que me vai estragar o esquema, o raio da garota?
Estou bem tramada.
nota: escrevi isto ontem à tarde. à noite, já adormeceu sem dramas. chamou por mim umas duas ou três vezes, quando saí do quarto dela. fui lá, disse-lhe para fazer dodo, que estava tudo bem. e ela ficou. e adormeceu. como antigamente. agora, sejam bonzinhos comigo. rezem para que tudo volte ao normal e para que este post deixe de fazer qualquer sentido de tão desactualizado que é. obrigadinha a todos, sim?
Estou bem tramada.
nota: escrevi isto ontem à tarde. à noite, já adormeceu sem dramas. chamou por mim umas duas ou três vezes, quando saí do quarto dela. fui lá, disse-lhe para fazer dodo, que estava tudo bem. e ela ficou. e adormeceu. como antigamente. agora, sejam bonzinhos comigo. rezem para que tudo volte ao normal e para que este post deixe de fazer qualquer sentido de tão desactualizado que é. obrigadinha a todos, sim?