quarta-feira, 2 de maio de 2012

Paleio Doce

O Jerónimo Martins, mãos largas que só ele, ofereceu*. Ofereceu, ontem, 50% de desconto aos clientes que levassem mais de 100 euros de compras. Até recebi um sms de algumas amigas com o mesmo paleio adocicado a informar-me da boa nova.
Eu, aqui me confesso, não fui ao Pingo Doce ontem. Filas e filas de gente histérica, aos gritos e capaz de tudo para roubar o lugar de outra qualquer pessoa igualmente histérica e aos gritos. A senhora que tenta surrupear ao vizinho o último pacote de arroz que resta num monte de prateleiras vazias. Maus cheiros para lá de suspeitos. Tudo isto, só aturei para comprar bilhetes quando os U2 passaram por Coimbra. E nem metia pacotes de arroz ao barulho. E nem foi por mim.
Eu, aqui me confesso de novo, não fui ao Pingo Doce ontem. Mas vi, confortavelmente enterrada no meu sofá, as figurinhas tristes. Metiam comédia, drama, desespero, má educação e muito mais. Até deu para aprender umas coisinhas. Não me vou alongar a esse respeito porque, em tempos de crise, quase tudo é desculpável. E eu sou uma pessoa tolerante. E eu é que fiquei a perder, tenho a despensa vazia.
Não resisto, no entanto, a transcrever aqui a forma como um jovem garboso, com o cabelo espetado e um diamante na orelha direita, caracterizou a coisa. "Ganda pouca vergonha" - disse ele. Deixou-me, arrebatadoramente, sem palavras.


* Eu bem sei que Jerónimo Martins é um grupo.

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