quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Madeleines de Proust #3


O cheirinho do cacho americano. 
Já não o sentia há anos largos.


No outro dia, o meu pai lembrou-se de me trazer um caixote cheio deles. Bastou abrir o dito caixote para que me entrasse, pelas narinas, toda a minha infância. Mais precisamente, o final das grandes vacances, como dizíamos. 
Voltei a ver-me pequenita. Voltei a correr, em pensamento, por aquelas ruazitas cheias de curvas e caganitas de cabra. Aquelas ruas a pique, quase sem movimento de carros, onde passava grande parte do tempo a brincar com os putos da terra.


Voltei a ser pequenina, por instantes, através daquele cheiro tão característico*. E, por instantes, apeteceu-me voltar a ter dez anos e comer, de novo, três Cornettos de morango na mesma tarde, porque eram três as vezes que passava em frente à loja do ti Isidro e porque o calor de verão era a melhor das desculpas para uma menina gulosa como eu.



* não é só o cheiro que é característico. o sabor e a textura também. a casca rija e amarga a contrastar com o interior, doce e tenro. interessante e muito bom. sim, sim. como estás a pensar e muito bem, tal e qual como eu. ;p

10 comentários:

  1. foi preciso ver as imagens para perceber o que era o cacho americano xD

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    1. Pois... és menina da cidade, Maria Francisca… :p

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    2. hum. não faço a mínima ideia, Ella. sempre ouvi falar em cacho americano. nada mais.

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    3. Morangueiro ou Moscatel, mas para deixar assim cheiro pela casa apostava mais no morangueiro. :)

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    4. É capaz de ser. Eu não percebo nada de uvas. ;)

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  2. Na minha terra também se chama assim e também me traz boas recordações.

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  3. Tal e qual como eu. Era o que estava a pensar.
    Está dito está dito.

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    1. Tal e qual como eu. Como EU. Mam’Zelle Moustache limitada.
      Agora sim, está dito.

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