segunda-feira, 5 de maio de 2014

Este mundo pequenino que consegue ser um tico grande


Soube, desde cedo, que tanto se ganha como se perde, neste mundo grande. O meu carácter pessimista realista ensinou-me que se perde sempre mais do que se ganha. Não há nada a fazer. É assim mesmo que ele funciona, o mundo grande. Temos de saber lidar com ele. Temos de aprender - a cada diga que passa - a aceitá-lo como ele é. Ter plena consciência e desfrutar daquilo que nos dá de bom. Aceitar e aprender com aquilo que nos rouba. Ultrapassar (na medida do possível) e seguir em frente. Melhorar.
Ontem, foi dia da mãe. Não sou de ligar a esta coisa dos dias marcados. Já o disse. Quem por aqui passa já o sabe. Aliás, já deve estar farto de o saber.
Ontem, foi o dia da mãe. O primeiro. O primeiro que passei enquanto mãe. O primeiro que passei sem a minha. É assim, mesmo. Não há nada a fazer. Ganha-se e perde-se. E eu, que não ligo nada a estas coisas de dias marcados, tive um dia menos bom, ontem. Com um aperto na garganta. Ou no coração, porque não dizê-lo. A malta, que não é burra, já percebeu que isto da maternidade deu-me cabo do sistema. Lixou-me o esquema. Baralhou-me. São as hormonas. Caraças das hormonas.
Ontem, também foi um pouco o meu dia. O primeiro. Mas ninguém me felicitou por isso. A Bolachita ainda é pequenita demais para me dar um beijinho ou me fazer um desenho especial para comemorar a data. Ninguém me desejou um feliz dia, nem eu tive a quem o desejar, pela primeira vez. Enfim, quando digo ninguém, não estou a ser correcta. Quando digo ninguém, estou a falar do mundo grande. Porque, na realidade, houve uma pessoa que não se esqueceu de mim. Uma pessoa que só conheço do mundo pequenino. Nunca o vi mais gordo (até porque, pelo que vi em fotos, a gordura dele é pouca). Mesmo assim, não se esqueceu de mim, nesse dia da mãe que, agora, também é meu.
Foi um "simples" email. Sem floreados. Sem grandes conversas. Sem paleio desnecessário. Mas foi o suficiente para desfazer, por momentos, aquele nó, aquele aperto que sentia. E os meus olhos sorriram. E fiquei contente por alguém se ter lembrado de mim. Afinal, pensando bem, este mundo pequenino que é a blogosfera também consegue ser um tico grande. Um pequeno gesto inesperado e acontece magia.

Obrigada a ti.

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