terça-feira, 26 de junho de 2018

TRAzer ou não trazer e engolir uns quantos saPOS.


Nunca fui doida por roupa. Sempre fui doida. Ponto.
Tenho muita, é certo. Mas isso é por já ter uma certa idade e não ser de deitar nada fora, nem reciclar, nem essas cenas modernaças que fica sempre bem dizer que se faz.
Eu sou mais de amontoar. 
Também posso ter peças de verão e outras de inverno no mesmo cabide. [Confirmo. Por muito que seja adepta dos montes, tenho um ou outro trapito pendurado.]
Não separo por cores. Nem nada que se pareça.
De repente, vejo, por acaso, uma foto - das poucas em que estou com roupa -  e lembro-me que tenho um par de calças super catitas ou um casaco mega giro. Só que não faço a mínima ideia de onde param. Porque, lá está, tenho o dom divino de amontoar. E, quando há um monte (eu tenho dezenas deles, claro), dificilmente se consegue ver o que fica lá por baixo.
Já tentei organizar melhor as coisas. Pegar num caixote, onde - previamente, a feltro vermelho, em cada um dos lados e em letras grandes - escrevi: "ROUPA QUE JÁ NÃO USO". O certo é que o raio do caixote fica-me sempre vazio. Sem nada lá dentro. Porque, mistério dos mistérios, continua tudo cá fora. Amontoado. Só que noutro monte diferente em que o que estava por baixo fica por cima e vice versa. É a lengalenga típica em acção. Ai e tal, não me vejo a usar este vestido nas próximas décadas, mas amanhã, quando me levantar, posso muito bem ter mudado de ideias. É pá, não tenho usado esta blusa há pelo menos meia dúzia de anos, mas isso não quer dizer que não me apeteça vesti-la amanhã, assim que vir o sol raiar. Estão a visualizar a cena, certo?

Para além de ter muita roupa por já ter vivido muitos anos, tenho ainda mais roupa por ter herdado umas quantas peças da minha mãe. São as minhas preferidas. Andar com roupa que era dela. Que eu me lembro de lhe ver vestida. Mesmo se ela vestia o quarenta e eu visto o trinta e quatro. Pormenores. Uso na mesma. E sinto-me bem.

Deixo o exemplo deste vestido que trouxe da terrinha, da última vez que lá fui, há umas semanitas atrás. O tecido está bastante debotado. Há ali uma nódoa na alça esquerda que teima em não sair. A bainha está a descoser-se. Já levou ali uns pontos na parte da saia, porque o tecido ficou gasto demais. Cabiam lá mais duas como eu. Mas eu adoro este vestido. Pus-lhe um cinto em cima, para não parecer um balão de ar prestes a apanhar voo. E pronto. Agora, que o calor está a chegar, é usar até me fartar. 




Para ser sincera, não me parece que me farte. 
É que não é só um vestido,
não é um simples vestido.
É um vestido da minha mãe.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Porque, ao que parece, já é verão


e porque, sempre que vejo aquele header deslavado ali em cima, ouço uma vozinha interior que clama por cor.


Adieu,





Sois le bienvenu,



sexta-feira, 8 de junho de 2018

Que tal esclarecerem-me, hein? #16


Curiosa qb, fui ver qual o meu post mais lido de sempre.
Para ser sincera, não foi curiosidade à toa, assim do nada, que até me considero uma gaja muito pouco dada à curiosidade gratuita. [Mas o que é isso da curiosidade gratuita, interessantíssima Mam'Zelle? - um dia explico. hoje não dá.] Tinha um propósito, essa busca. Essa procura foi intencional. Agora, fiquei foi surpreendida com o resultado dessa pesquisa.

O meu post mais visto de sempre é este aqui: A prova provada que ainda não desapareci



Ora, não consigo perceber porquê.
Não faço referência a nenhum blogue de sucesso.
Não falo de nenhuma figura pública de renome.
Estranho.
Só se for por causa daquela marca de roupa que menciono.

Será que alguma alminha tem uma outra teoria pertinente sobre o assunto?
Digam lá qualquer coisa, vá. Isso das caixas de comentários vazias é uma coisa tão triste de se ver.




nota: agora, já está quase a chegar às trinta e sete mil visualizações. é que este post foi escrito há nove meses atrás. yep, estava em banho maria, nos rascunhos, como continuam a estar outros cento e sessenta. o certo é que a dúvida mantém-se.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Apontá-los aqui, para não deixar que, um dia, me escapem da memória #1

Uma manhã qualquer.
Tu, na cozinha. Com ela ao colo. Sentado no banco azul do Ikea que é teu, desde quase sempre. Virado para a banca onde fica a placa de indução.
Eu, na sala. Na ombreira da porta que dá para a cozinha. Essa mesma cozinha onde ela se encontra, nos teus braços. A tua mão direita a segurar desajeitadamente no biberão que lhe dás à boca. 
Foi no meio deste cenário, quase improvável (não faço a mais pálida ideia da razão pela qual não estava eu a dar-lhe o leite, naquela manhã específica), que nasceu o beijo mais instintivo e, simultaneamente, mais contido que já presenciei. 
Um silêncio pesado no ar, depois daquela demonstração de afecto.
Um sorriso espontâneo nos meus lábios, nascido naquele silêncio revelador.
Não podias voltar atrás, mesmo querendo.
Não querias voltar atrás, mesmo teimando em acreditar que sim.
Ficaste ligado a ela na ternura daquele gesto.
Tal e qual como já estavas ligado a mim, na vivência do nosso amor.
Para sempre.




[três de Junho de dois mil e dezasseis]