quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Porque eu também tenho um closet a abarrotar* #8

Sim, sim, eu sei. Eu bem sei que devo um pedido de desculpa às duas ou três alminhas persistentes que continuam a passar por aqui. [brincadeirinha. ainda bem que dá para conferir, nas estatísticas, o tráfego que se move por este casebre fora. e a malta que por aqui passa diariamente continua a ser razoável. deixar uma ou duas palavrinhas à dona disto é que mais tarde... seus ingratos.] 

É um facto, este ano, não partilhei esta espécie de rubrica super interessante e híper útil antes do natal, como costumava fazer. 

Agora, é igualmente certo que têm de me dar um desconto. É que dois mil e vinte foi, no mínimo, um ano estupidamente atípico. E, eu, na minha atípica estupidez, procrastinei mais do que de costume. Porque tenho esse direito. Como qualquer pessoa que esteja a viver esta pandemia também o tem. Mais nada.


Pronto. Tendo em conta que acabei de me justificar com distinção, só me resta, então, mostrar o tão aguardado outfit que, neste caso, já só poderá ser usado na passagem de ano ou numa outra festa qualquer que tenham pela frente, visto o natal ter ficado para trás. 

Estejam à vontade. 

Usem e abusem. 

O ápice do bom gosto, 

digo-vos;

acreditem.



Continuamos com restrições a nível de convívios presenciais. Vamos todos, portanto, festejar com o Zoom a bombar. Por isso mesmo, basta caprichar nos trapitos da cintura para cima. E eis o que escolhi. Um blazer branco com gola preta que faz um brilharete em qualquer ocasião. Acrescentei-lhe um cinto cheio de pedras e brilhos com um laço à frente para lhe dar um toque mais festivo. Na cabeça, um chapeuzito emprestado por uma amiga há mais de dez anos e que nunca tive oportunidade de devolver. Sei que foi comprado no chinês. A perda da dita amiga não é, assim sendo, de grande importância. E, a mim, vai-me dando jeito para fazer estas maluqueiras. Uns anéis. Uma pulseira. Para finalizar o look, um batom vermelho nos lábios. E assunto arrumado.


Espero que gostem e que aproveitem da melhor maneira este conteúdo da maior utilidade mundial.


Prometo que - pensando eu especificamente nos mais curiosos - para o ano, mostro a parte de baixo deste ofuscante outfit.



Até lá,

portem-se mal. 

Divirtam-se.

Saltem e pulem

e outras coisas mais.

Mas sempre em segurança.


* closet esse que, este ano, esteve às moscas. já que estive o ano inteiro confinada, de pijama confortável, em casa. um lamentável e lastimável desperdício, é o que foi.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Um dia qualquer

Todos os dias tenho saudades delas.

Todos. 

Indistintos.

Mas, esta manhã, acordei com um aperto um tico maior.

Nenhuma delas faria hoje anos. Não é dia da mãe, nem dia da avó. É um dia, como outro qualquer.

O certo é que, como num qualquer outro dia, não vou poder ouvir a voz, nem de uma, nem de outra. 

Como qualquer outro dia, não as vou poder abraçar, nem tão pouco as vou ver. 

Nem que seja de longe. Por uma janela. Separadas pelo vidro de um carro. 

Nunca.

Restam-me as fotografias e

as mais belas memórias de 

sempre.


Hoje, é só mais um dia,

como outro qualquer;

sem elas.  


[vinte e três de Junho de dois mil e vinte]





Seis meses passaram, desde que escrevi este texto.

Continua a ser válido. Sei que nunca deixará de o ser, enquanto eu viver.

Escolhi publicá-lo hoje, porque o natal está à porta. 

Porque este mês festivo é o mais complicado para mim. 

Porque - por mais que nunca deixe de ter saudades delas - todos os dias de Dezembro me lembram a falta que elas me fazem. 

E esta falta, de que falo, vai muito além da saudade.


Tu me manques terriblement,

maman.

Toi aussi,

mamie.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

DE repente faZ meio ano

Surreal.

Sinto-o absurdamente surreal, este tempo todo que passou, 

vazio, 

sensaborão.

Dois mil e vinte está a ser um ano estranho, 

um tanto ou quanto desarmante,

pouco estimulante, 

displicente. 

Apanhou-nos desprevenidos. 

Abraçou-nos, traiçoeiramente. 

Passa, sem darmos por ele. No entanto, está, efectivamente, a passar. E não voltará atrás. Por mais que não esqueçamos o que se viveu antes de ele nos trocar as voltas. Por mais que o que existiu, há seis meses, se mantenha mais vivo na nossa mente do que o pouco que aconteceu desde o início deste ano extremamente desafiante. O tempo passa, 

sem sentido, 

sem rumo, 

sem brilho,

sem motivação,

oco,

vão.


A verdade é que o ano vai quase a meio e não sinto que [eu] vá a lado algum.


dez de Junho de dois mil e vinte

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Para Vos Contemplar

 Estou sempre atenta às janelas espalhadas cá por casa.

À espera.

Não de pessoas. 

Nunca quis muito saber de pessoas. Contrariamente à minha vizinha do lado que, de vez em quando, me liga a contar, detalhadamente, tudo o que se tem passado, nesses dias, na rua da frente.


[fotografia tirada de uma das janelas da sala. sem filtro.]


E quando, fruto da minha espreita,  estas - e outras - belezas me aparecem num dos caixilhos de PVC, transformado em moldura digna de quadros dos mais conceituados museus, percebo que vale sempre esperar, por mais que as agruras da vida me tenham incitado a ser demasiado impaciente,

comigo,

com os outros,

com o mundo.



[escrito a 8 de Novembro de dois mil e vinte; com algum complemento de hoje.]

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Aquela cena menos detestável* da pandemia:



Perder-se metade do tempo - comparativamente com o que era o habitual antes de ela chegar - para reuniões, conferências, jantares com amigos e afins. Tudo através do Zoom. Óbvio. Que o distanciamento social é obrigatório e [só por mero acaso e grande sorte] eu gosto.




* é que não há - por mais que pareça tentador - como usar um adjectivo pela positiva nesta situação. muito menos num título. ali, escarrapachado, a chamar a atenção. apesar de se ter começado a fazer coisas indiscutivelmente boas, [infelizmente] por causa dela, que deveriam continuar a ser postas em prática, [alegremente] depois de a vencermos.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

InstaBlogramável #9


{Se há quem use o instagram como blogue, eu posso usar o blogue como instagram.}


#lecafécestsacré
#paixãotardia
#bicdamour
#leituras
#tattooedgirl

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Feito!

Como prometido, aqui estou eu para apresentar um relatório detalhado cujo assunto não é nada mais nada menos do que a maior preocupação do momento: a reacção da Bolachita à minha traição natalícia.

Ora bem. Quando chegámos a casa, pedi-lhe para fechar os olhos. Ajudei-a a entrar na sala em segurança. Posicionei-a de forma estratégica, para ela ter uma visão geral da divisão em causa. De facto, para além da árvore, também acrescentei umas luzes aqui e ali. Só para tentar criar aquele toque mais especial e a Bolachita não dar de caras somente com aquela minha amostra de árvore de natal.

Mal lhe dei autorização para abrir os olhos, ficou de boca aberta, a contemplar as luzes a piscar. 

- Então, gostas?

- Não mamã, eu não gosto. Eu adoro! ... Uau! ... Agora, só falta a árvore de natal.



Verdade. Não. Não estou a gracejar. 

Eu que achei, cedo demais, que a aposta estava ganha, que as minhas costas, os meus braços, as minhas pernas e a minha sanidade mental iam ter descanso este ano; acabei por passar de um sorriso cor de vitória a um sorriso amarelo numa fracção de segundos.


- Então... a árvore é esta, gaguejei eu, a medo, apontando para a minha pequerrucha.

- Ah. Ok, mamã. Pensei que querias sempre fazer aquela grande que chega quase até ao tecto. Mas também gosto muito desta.




E pronto. 

Não se falou mais no assunto.

Assunto encerrado.

Encerradíssimo.

Para sempre.

Ufa!

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Que se lixe a minha reputação

Sou pessoa de montar a árvore uma semana antes de natal. E mesmo assim é, indiscutivelmente, mais por ter de ser do que por vontade. É aquela coisa de esperar até à última. A ver se o mundo acaba antes do dia 24 e me poupa a esse trabalho. O certo é que nunca gostei dessa ideia peregrina - e que vai ganhando cada vez mais adeptos - que manda enfeitar tudo quanto é loja e esquina mal desponte o mês de Novembro. Porém, e por mais que doa, tive de morder a língua. Passo a explicar.

Este ano, pensei que seria tudo na mesma, ou seja, calvário da árvore de natal, só depois de meados de Dezembro. [Aliás, e a bem dizer, nem pensava. Não sou de me pôr a ter longas reflexões sobre a época natalícia em nenhuma altura do ano.] Enganei-me. Arrumações e destralhanço ditaram um rumo diferente à habitual história. Desencantei uma árvore que ainda veio de França. Pequenina, jeitosinha, que não dá trabalho para montar nem desmontar, que não precisa de grandes enfeites. Apaixonei-me pela ideia de a ter, a ela, na sala; traindo a tradição que imperava desde que me mudei para esta casa. A árvore de natal era esta. Grande, imponente, que me dava um trabalho danado para montar, decorar e um trabalho ainda mais trabalhoso [redundância propositada e mui relevante] para lhe retirar toda a bugiganga, desmontá-la e levá-la, aos pedaços, até ao sótão. Só consigo levar um pedaço de cada vez. São três. E, depois, são muitas escadas. A Bolachita já as contou umas quantas vezes, só ainda não me apeteceu fixar o número. Burrice minha, que me dava um jeitaço daqueles colocar aqui um número chorudo de degraus para corroborar a minha visão das coisas.


Pois. A Bolachita. 

Só havia um pequeno senão, nesta minha traição natalícia sedutora; para lá de perfeita. A reacção da Bolachita. 

É natural que uma criança de sete anos prefira uma árvore de natal grande e cheia de enfeites a uma miniatura, a uma mera amostra de árvore. Por isso, tive de rever as condições da minha relação com a minha nova amada. Eu bem queria que ela ficasse só com umas luzinhas. Simples e elegante. Tive de lhe colocar uns berlicoques pequeninos, a ver se a Bolachita se apaixona também. Ficou encantadora, dizem.

O bom disto é que, em vez de ter a árvore de natal quinze dias, a menina-dos-meus-olhos vai poder admirá-la quase dois meses. Nada mau, digo eu. Agora, é rezar para que abrace a ideia, veja o lado positivo da coisa e aprove esta minha pequena traição.



Aqui está ela.


Depois conto se consegui levar a minha avante, junto da Bolachita.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Abraçar-te por escrito #2

 A vontade com que te quero

bem

mal 

se aguenta no meu corpo.


Neste meu 

corpo

do teu

distante

que não sabe

como te sentes.


Acalmá-la?

Só com palavras.

Que me deixas

ler.

Que aceito 

ouvir.

Que se cruzam,

se completam,

que se alimentam,

se alcançam,

na ausência 

do nosso

toque.

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Afinal, a culpa não foi minha. [like always...]

A culpa é do poder dos números.




Até a Bolachita conseguiu desvendar o enigma da data errada que, afinal, não poderia estar mais certa. 

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Fascination homophone



Depuis que ses yeux les ont saisis,
il n'est plus sain d'esprit.
Il a beau prier au Saint Esprit,
il restara, à jamais, de ses seins éprit.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Exquise esquisse?


"Je choisissais chaque mot et ma sincérité changeait de nature, 
devenait celle de la forme. 
Ce n'était plus les sentiments qui me tenaient en émoi, 
mais leur expression."

Pierre Moustiers

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Brincadeiras de putos (12) - descobre as diferenças #6

 







[E foi ontem que a Bolachita regressou à escola. Meio ano depois de a ter deixado pela última vez. Sem saber muito bem quando regressaria. Nunca acreditei nos quinze dias que indicaram inicialmente. Entendi logo que aquele ano lectivo, na escola, estava terminado. Também não estou muito certa que este regresso seja de vez. A ver vamos.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Activité Créative Désespérément Contagieuse


Apprivoiser Chacune Des Cuisses,



Avec Confiance Douceur Candeur,
Ardeur Convoitise Désir Chaleur,
Appétit Culot Dévotion Convenance,
 Admiration Compréhension Délicatesse Caresse,
Audace Courage Dévouement Culte,
Amour Calinerie Divertissement Clémence,
Adoration Compassion Délassement Complaisance,
Adulation Cran Déroutement Concupiscence.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Ataques há muitos, sua palerma!

Gosto de pregar sustos à Bolachita. É verdade.

E, como boa filha de sua mãe, a miúda não se fica.

Eu costumo ser sempre bem sucedida. Ela, muito menos.

A semana passada, escondeu-se atrás da porta da cozinha e, quando entrei, deu um grito, enquanto se agarrava a mim. E, eu, que não estava minimamente à espera daquela partida, retribui o grito acompanhado de um salto; reacções reveladoras de que a sua brincadeira tinha sido bem sucedida. O que, volto a frisar, é extremamente raro.


Se esta parte, que acabo de relatar, já era plenamente digna de ser registada, por assinalar uma das escassas vitórias da Bolachita na arte de sustos pregar, o melhor estava para vir.

Enquanto tentava recuperar a minha calma, disse-lhe:

- Que susto! Porra! Tu queres que eu tenha um ataque cardíaco?

- Mas... como? Se tu nem sabes Karaté... 

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Bonjour, mon amour #4





[fui encontrar este postezito nos rascunhos. há mais de quatro anos, abandonado por lá. acham que deveria ter continuado esquecido? pois... talvez. quero lá saber. sou uma gaja rebelde. e simply exceptional, dizem.]

terça-feira, 11 de agosto de 2020

A verdade sai da boca das crianças, dizem.


Quando a vou deitar - e depois de lhe contar uma história, ou ela a mim - tenho de ficar sempre um tempinho com ela. Já de luz apagada, de mãos dadas e com a minha cabeça encostada à dela. Nesses minutos, dificilmente se mantem em silêncio, por mais que lhe diga que tem de fechar os olhos e tentar dormir.

- Mamã, ainda doí-te muito o teu dói-dói?
- Bué.
- És muito corajosa, minha mamã linda. [afirmação finalizada por um beijinho na minha mão.]


[quinta-feira, dezoito de Junho de dois mil e vinte]

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Esclarecimentos necessários para o bem comum #30


Se tivesse de me definir, numa palavra, não escolheria, com toda a certeza, a palavra "mulher". Nem tão pouco a palavra "mãe" seria a minha escolha.

Nunca me identifiquei com a maioria das características que são tidas como femininas. Não partilho os supostos gostos/interesses do mulherio. Faço questão de ir à casa de banho sozinha e nunca recorri aos serviços de uma manicure.
Vivi trinta e cinco anos da minha vida antes de conhecer a realidade da maternidade. Quase a minha vida toda, portanto. Seria extremamente redutor, a meu ver, definir-me essencialmente como mãe. Nada contra aquelas pessoas que só perceberam quem realmente são, que só descobriram a razão da sua existência e só se sentiram vivas e completas depois de terem dado à luz. Agora, o certo é que não me revejo minimamente nesse tipo de filosofia.

Se tivesse de me definir, numa só palavra, diria, inequivocamente, que sou uma pensadora. Sou, de facto, essencialmente, um ser pensante.
Atenção. Não uso, nem quero que entendam, este termo no sentido simplista que é, geralmente e uma vez mais, atribuído aos seres de sexo feminino. Sabem, quando se quer caracterizar alguém e se diz "Ai e tal... aquela gaja pensa muito."? Estão a ver aqueles pensamentos, quanto a mim bobos, que, geralmente, mais não são do que o remoer de cenas frívolas e sem interesse profundo? Conseguem destacar alguém do vosso círculo familiar, de amigos ou conhecidos que está sempre a fazer perguntas porque, simplesmente, não sabe lidar com o silêncio? Que, grande parte das vezes, dá logo a seguir uma resposta tão banal quanto a pergunta ou que, simplesmente, nem espera pela resposta porque não interessa nem ao menino Jesus? Não é de nada disso que estou aqui a falar.
Uso o vocábulo 'pensar' no sentido de reflectir, de analisar, de ponderar, de criticar (no seu sentido mais lato). De, constantemente, desconstruir para melhor entender. De Pensar. Ponto.
Ou seja, o que melhor me define é a capacidade de pensar e de jamais, em momento algum, deixar que o façam por mim.
E isso é lixado.
É cansativo.
Extenuante, por vezes, até.

Saber-me-ia para lá de excelentemente bem, de vez em quando, deixar andar. Aproveitar a onda e aceitar o pré-estabelecido como sendo o certo, tal e qual tanta gentinha-feliz-da-vida faz. Interiorizar o politica e socialmente correcto e fazer disso lei absoluta para me reger, dar-me-ia, a mim e à minha cabecita pensadora, umas férias do caraças. Trar-me-ia uma paz interior, própria de gente básica, bastante tentadora. Sedutora, até.
É-me, no entanto, impossível.
Não dá.
Não consigo.

Infortunadamente,
não posso.

E, pensando bem,
não quero.







nota: numa era onde a palavra "feminismo" virou moda estampada em t-shirts e afins, tenho plena consciência do quão 'crucificada' posso ser por algumas considerações que teço. O certo é que grande parte de quem desfila, com a palavra a baloiçar no peito, não tem noção do seu significado. Nem tampouco faz um escaravelho (para não usar outra palavra que, com esta, rima) para apoiar a ideologia que tal conceito abraça, muito pelo contrário.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

InstaBlogramável #8


{Se há quem use o instagram como blogue, eu posso usar o blogue como instagram.}


#leitura
#Gabrielgarcíamárquez
#botânica
#minnie
#nude

terça-feira, 28 de julho de 2020

esTremecER-TE

Há palavras que ensinam.
Há outras que avisam.

Há aquelas que irritam.
Há algumas que magoam.

Há palavras que animam.
Há palavras que criticam.

Há umas que agridem.
Há outras que desiludem.

Há muitas que atormentam.
Há tantas que reconfortam.

Há as que aborrecem.
Há as que esclarecem.

             ***

As tuas alimentam.
As tuas abraçam.
As tuas aquecem.
As tuas estremecem.

Vestem-me o corpo;
cada letra tua
acompanhando
cada curva minha,
num agasalho
só nosso.

            ***

A ausência delas,
é calmaria.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

reflet et moi < reflète-moi > reflet émoi #3 ou Esclarecimentos necessários para o bem comum #29



Penses-tu que tu me vois?
J'aimerais comprendre pourquoi.
Tu ne sais rien de moi.
Je ne montre que ce qui n'est pas
important.
Le captivant?
Ne le cherche pas à l'extérieur,
il n'est qu'à l'intérieur,
mon coeur.
Il est dedans
et pas dehors,
mon corps.

terça-feira, 14 de julho de 2020

InstaBlogramável #7


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#bolachita
#amourdemalife
#coupeentrelecarréetlebolbyme
#giraffelover
#goldenhour
#aprèslécole

terça-feira, 7 de julho de 2020

Eu, coisa boa dos sonhos

"Sabes, mamã, quando estava em casa do papá, acordei de noite proque estava qualquer coisa a tocar na minha cabeça. Não vi ninguém e fiquei assustada. Depois, fui ter com o papá ao quarto dele e contei-lhe tudo. E sabes o que ele me disse, mamã? Ele me disse que foi um sonho. E eu respondi que não queria ter mais sonhos proque são muito assustadores. E ele me explicou que não é sempre assim. Disse que também dá para sonhar com coisas muito boas, por exemplo, quando ele sonha com tu, mamã. Foi isso que ele disse-me."

Constrangimento exteriorizado com um ataque de riso, foi essa a minha reacção.



[sábado, treze de Junho de dois mil e vinte]

terça-feira, 30 de junho de 2020

Ó dois mil e vinte, deixa-te lá de ser cabrão.

Há dias
- melhor dizendo, há noites -
vi a minha vida a andar para trás.
Toda ela.
Para trás.
Num rebolar,
que me pareceu eterno,
senti dor.
Perdi os sentidos.
E, depois de os reencontrar,
abri os olhos e afirmei:
"eu estou bem".
É óbvio que,
dadas as circunstâncias,
não estava em mim.
Des-somatizei,
aparentemente.
Porque,
infelizmente,
não é bem assim.
E nem está em causa,
aqui,
a queda,
as feridas,
os hematomas;
a dor
física
que senti.
O não estar bem,
vai muito além
dessa dor.

terça-feira, 23 de junho de 2020

É mais ou menos isto* #11 - especial desconfinamento

 


 
(…)
Si tu savais comme c'est bon
de pouvoir te revoir
de pouvoir te parler
de te toucher.
 
Si tu savais comme c'est bon
de pouvoir te revoir
pouvoir t'enlacer
et t'embrasser.
 
 
 
 
 
 
 
* mais ou menos isto, para a maioria das pessoas. que não eu. entenda-se.
[Quoi que… pensando melhor… há ali uma espécie de abraço que ficou para trás e merecia que se lhe tirasse a prova dos nove, do dez, ou lá como se diz.] 
 
 
O certo é que, mal ouço esta música, só me apetece dançar, mesmo agora não podendo. E isso é que importa.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

sexta-feira, 12 de junho de 2020

InstaBlogramável #6


{Se há quem use o instagram como blogue, eu posso usar o blogue como instagram.}


#caféchocolat
#encore
#lecture
#poésie
#claireobscure

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Dúvida existencial do momento #8


 [daqui]



Será que esse bendito dia, efectivamente, chegará?
Será que a maré, realmente, a meu favor cambiará?
É que, lamentavelmente, a espera por dias melhores já vai dilatada.
E já faltou mais para, irreversivelmente, dar em tresloucada.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Efeméride


Esta, 
que passou, 
foi a primeira noite, 
deste ano estranho, 
que me viu dormir nua, 
sem nada que me atrapalhasse
a beleza do sono.
 


E, 
para a amante que sou,
do calor
- queimor -
em todo o seu esplendor
- fulgor -
esta data não poderia deixar de ser assinalada. 

Celebrada.