segunda-feira, 21 de maio de 2018

Prece presa prosa

Rogo às trevas que me deixem encostar à
berma do fogo que de ti se evola, porque,
tocar-te, seria - ultrajosamente - pedir demais.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

"Viens ici."

Pedires-me. Agora. Neste instante. Baixinho. Como costumavas fazer.
Era o que eu queria.
Encostar-me-ia a ti. Ainda mais do que de costume. Porque, mesmo achando sempre impossível aproximar-me mais, tu nunca ficavas satisfeito.
Querias-me mais perto. Ainda mais. A ver se conseguias desfazer a birra, o amuo, ou simplesmente a tristeza que me habitava. E conseguias. 
Quase sempre.

Por isso estar a precisar que mo peças. Agora.
Para enxotar definitivamente esta tristeza que não me larga, que me desola, que não descola do meu ser.
A tristeza que colocaste nos meus ombros e que se foi entranhando pela pele adentro. Ensopando o meu corpo inteiro. Pior que nos dias de chuva, quando teimo em sair de casa sem chapéu. Pior porque a água da chuva seca-se num instante à beira de uma lareira ou simplesmente trocando a roupa molhada por outra enxuta. Agora, a tristeza, não se deixa levar tão facilmente. É mais invasora. É mais pegajosa. É tão perigosa que me assusta, mais do que me machuca.

Daria meio pacote das bolachas italianas que me trouxeste - daquelas que precisam de ser colocadas uns minutos no frigorífico e ficarem, assim, ainda mais saborosas - para te ouvir pronunciar, num francês que só tu dominas, aquelas duas palavras.
- Viens ici.
Comprometer-me-ia a dar o pacote inteiro se, ao chegar-me a ti num abraço mais que apertado como só tu me sabes dar, me livrasse da tristeza de vez.
Aquela que me assola,
essa mesma que não descola
e me deixa assim.


(trinta de Outubro de dois mil e dezassete)

terça-feira, 15 de maio de 2018

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Esclarecimentos necessários para o bem comum #26 ou Eu sou assim E assado


Informaram-me - de forma extremamente elegante, atenção - que este meu casebre já não é o que era.
Indo directa ao assunto, contrariando propositadamente os rodeios infinitos usados por quem me chamou à atenção, a Mam'Zelle já não é a mesma. Ou seja, euzinha, que agora vos escrevo, deixei de ser o que, outrora, fui.
Pois bem. Depois de umas míseras fracções de segundo em que fiquei estupefacta e preocupadíssima com esta minha condição de fraude humana, retomei a compostura e pus-me a pensar no assunto. Relevante, não haja dúvida.

Ao que parece, a antiga Mam'Zelle (sim, eu) era muito mais divertida. Muito mais criativa. Muito mais engraçada. Ou seja, pelos vistos, deixei-me de ser a palhacita que sempre fui e que sempre reivindiquei ser.
Ao que parece, a nova (enfim, a mais recente, que de nova já tenho pouco) Mam'Zelle é muito mais sedutora, muito mais ousada, muito mais virada para a sensualidade. Muito mais hot.

Ora vamos lá ver se nos entendemos. Eu nunca fui menina de coro, nem freira de convento, nem nada que se pareça. Também não sou nenhuma depravada, nem tarada sexual (quoi que...).
Sou a mesma Mam'Zelle que criou, sem perceber muito bem como, este Miúda há seis anos atrás, só que com mais meia dúzia de anos em cima (óbvio). Não sou, no entanto, menos palhacita por causa disso. Também não passei a ser mais... nem sei bem como qualificar a outra parte devidamente ou sem correr o risco de cair na vulgaridade. 
É possível que, de há uns tempos para cá, tenha publicado mais textos/fotos que possam ser vistos/qualificados de "sensuais", mas, temos de convir, este adjectivo deve ser usado com muitas muuuuuuuuitas aspas. Posso não dedicar tanto tempo de antena à minha parvoíce. Até porque é um direito que me assiste. E, verdade seja dita, já a exploro de sobra na minha vida real. Mas estas duas facetas da Mam'Zelle sempre existiram. Enfim, uma delas, só depois da idade adulta, como é natural. Podia era, no início, sentir-me mais inibida para postar certas coisas. Não vou negar, de facto, que me estou cada vez mais nas tintas para a ideia que possa vir a transmitir da minha pessoa. Mesmo nunca me tendo importado muito com isso.

Para resumir e concluir, no fundo, sou igual. Igualzinha. E, a meu ver, este espaço não está assim tão diferente. Pronto. E assunto encerrado.
Encerrado da minha parte. Porque, como é óbvio, a malta pode - e deve - pronunciar-se sobre o assunto, se assim o desejar.




nota: as palavras que estão em itálico não são minhas, foram descaradamente transcritas do mail que me enviaram e que está na origem deste post.

terça-feira, 8 de maio de 2018

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Vejam lá se aprendem, que eu cá não duro sempre







nota: é caso para dizer que esta cena deve estar certa mesmo. é que, por um lado, detesto, desde sempre, beijos na testa. e, por outro, não é segredo para ninguém que a Mam'Zelle não é fofinha. Muito menos passa a ser fofinha em contacto com alguém. era o que faltava.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Porque os putos são o melhor desta vida* #73


(imagem encontrada por esta internet fora)





* e porque há uma alminha que se diz farta de só se ver a minha 'garota' por aqui. [pelo menos é o que dizia há uns três anos atrás.]

nota: engraçado, fiquei com uma certa nostalgia dos tempos em que esta espécie-de-rubrica era obrigatória antes de chegar o fim-de-semana. saudades do que sentia, naquela época, ao escolher, meticulosamente, cada foto.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Até que deixe de bater por mim

- És feliz, 'Zelle?, perguntaste-me tu, enquanto a minha bochecha direita, encostada ao teu peito, sentia o viver do teu coração.

- Não sei. Nunca pensei no assunto, respondi-te.

A verdade é que não o sou, feliz.
Uma pessoa intrinsecamente realista como eu não consegue sê-lo, verdadeiramente feliz.
Consegue sentir, no entanto, a felicidade invadir-lhe o corpo e alimentar-lhe a alma em inúmeras situações.

Por exemplo, sentia-me feliz, naquele momento nosso.
O meu corpo, estendido à beira do teu no sofá da preguiça (que só activa este seu poder de me amolecer se lá estiveres comigo), sentia-se feliz quando quebraste o silêncio para me interrogar.
Senti-me ainda mais feliz ao ouvir a resposta que me deste, quando te perguntei: E tu?


Sinto-me plenamente feliz sempre que percebo que o teu coração é meu.
E os teus olhos. E as tuas mãos. E os teu lábios. E a tua língua. E o teu sexo. E a tua pele, em cada um dos seus poros.
E o teu ser. Todo ele. Por inteiro.
Incontestavelmente meu,
numa batida sem fim.



(onze de Maio de dois mil e dezasseis)