segunda-feira, 23 de junho de 2014

Por falar em combinações perfeitas


Ao escrever isto, lembrei-me da minha avó e de como também formávamos uma combinação perfeita.
 
Ao fim-de-semana, a minha mãe fazia sempre um bolo ou uma tarte. A tarte de maçã da minha mãe era simples: massa areada (feita por ela), compota de maçã (também caseira) e maçãs cortadas em meias luas finas, polvilhadas com canela. O que eu gostava mais era sem dúvida da massa areada. A Mamie Z, sem dentes e só com uma placa na parte superior, preferia a compota e as maçãs. Parece que a estou a ver, sentadita num dos sofás da sala, a comer com uma colher, daquelas de sobremesa, a parte de cima e a oferecer-me - piscando-me o olho e denunciando, assim, a nossa cumplicidade sem fim - a parte que não conseguia comer. Tinha sempre direito a uma dose dupla de massa areada, a minha e a dela. Para mim, não havia maior combinação possível. E era perfeita, a nossa combinação.

Tenho saudades das tartes e dos bolos de maçã da minha mãe. Tenho saudades daquelas rotinas que se vão instalando e enriquecem a nossa infância.
Tenho saudades delas as duas, essencialmente.

4 comentários:

  1. Agora é a tua vez de aprenderes a fazer massa areada, compota de maçã e cortares a maça em meias luas finas. (Da maneira como cozinhas é melhor começares agora para ires aprendendo). Quando a garota começar a ter idade para reter memórias, também ela ira guardar esses sabores e mais tarde isso irá servir para lhe criar saudades e ter um motivo para te ir visitar ao lar ranhoso e bolorento.


    (nove seis mas tu é que pensas)

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    1. Que sensível me saíste tu. É quase comovente... (mas olha lá uma coisa, de onde raio é que me conheces para saberes como eu cozinho ou deixo de cozinhar, posso saber?)

      (ai, agora virou santinho, querem ver...)

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  2. Há combinações perfeitas!

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