terça-feira, 17 de julho de 2012

Um blogue? Porquê?


Antes de começarem a ler, esclareço, desde já, que este texto é dos menos interessantes (não quero dizer com isso que os outros são de grande interesse, claro. Penso que conseguem entender) que já escrevi. Tenho consciência e admito, com serenidade, este facto. Por isso, não se sintam obrigados a ler. Escrevi porque senti necessidade de escrever. Escrevi porque se costuma dizer que escrever liberta. Livre, ainda não. Mais leve, talvez.




Já disse que ninguém à minha volta conhece isto aqui. No entanto, por razões lógicas e empíricas, umas poucas pessoas sabem que tenho  um blogue. Uma delas, no outro dia, perguntou-me porquê. Por que razão decidi eu criar um blogue. Não soube responder. Naquele preciso momento, não tinha resposta alguma para dar. E isso incomodou-me. É raro não ter resposta para uma pergunta que me é feita a meu respeito. Nem sempre a resposta é a mais adequada, estruturada ou politicamente correcta, mas raramente costumo ficar sem palavras. Perguntas sem resposta, relacionadas comigo e com a minha vida, tenho muitas, atenção, mas essas são sempre feitas de mim para mim e não por outra pessoa.
Aquela pergunta ficou-me na cabeça. Pensei no assunto e percebi que, na sua maioria, os blogues nascem, de facto, por um motivo bem específico. Por uma razão geralmente óbvia, logo à partida. Há os blogues dos recém-descomprometidos. Há os blogues dos noivos (mais das noivas, até). Há os blogues das grávidas. Há os blogues das pessoas que vão viver para fora do país. Há os blogues dos artistas. E, claro, há os blogues de quem quer fazer o inventário de toda a roupa, sapatos e demais acessórios que têm lá por casa. Mas, tomar consciência desta realidade, não me ajudou.
Quando iniciei o blogue, não me encontrava em nenhuma das situações acima mencionadas. Nada de novo, diferente, importante me tinha acontecido. Foi então que percebi que, no meu caso, não foi um acontecimento, o motivo. Não foi algo exterior que, de repente, apareceu e veio mudar a minha vida. Não foi algo que, quando soube, senti vontade de partilhar num blogue. Não foi um acontecimento exterior, nem foi algo de novo.  Foi uma realidade interior que, há muito, habita em mim. Que faz parte da pessoa que sou. Não foi o querer partilhar. Foi o querer esquecer. Ou, pelo menos, o querer não pensar a toda a hora no assunto.
É estranho, só me aperceber disso três meses depois do início do blogue. E por alguém me questionar, não por recriação própria. Caso contrário, ainda não teria chegado lá, pelo menos conscientemente.
E fico a pensar que é estranho ter criado um blogue, aparentemente, sem razão. Só por a razão ser tão lixada.
É estranho e estúpido.


nota: também me lembrei dos blogues criados por pessoas que descobrem que têm uma doença grave. Não incluí no texto porque é um caso ainda mais tramado do que o meu. Ou seja, podem ficar descansados. Que eu saiba, ainda estou de perfeita saúde. Perfeita saúde física.

12 comentários:

  1. Toda a gente tem os seus motivos para criar um blog, uns mais superficiais outros mais íntimos. Não creio que isso seja importante, o importante é conseguir tirar partido do blog, seja de que maneira for e lhe dê mais interesse.

    Espero que até agora, este blog que tenha conseguido satisfazer :)

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    1. Verdade, o mais importante pode não ser o motivo. Pelo menos, para mim, até ser confrontada com a pergunta, não tinha, de facto, pensado nisso.

      Sim, tem dado para me divertir bastante, faa :)

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  2. Pensas que não tiveste um motivo para o criar, mas esse existe e, como tal, há razão para continuares a dar vida a este teu cantinho, muito colorido e divertido!!

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    1. Gostei da tua caracterização disto aqui: colorido e divertido. Obrigada, ND :) Vou continuar, sim.

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  3. O mais curioso é que o meu motivo não se enquadra em nenhum dos que referes. De qualquer forma, de certeza que não foi mais lixado que o teu. Espero que estejas ao menos a aproveitar :D

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    1. Estou a aproveitar sim, Vic :) Isto ajuda, efectivamente, a não pensar em certas coisas a toda a hora.

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  4. O importante é ter sido criado! ;)

    Cisca

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  5. Ainda bem que o teu blogue foi criado

    homem sem blogue
    homemsemblogue.blogspot.pt

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  6. O meu também foi criado para esquecer ou... Não pensar tanto. Mas foi uma vontade motivada também pela doença ;P

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    1. Oi, Libelinha! Com que então vieste ler posts mais antigos, sua malandreca... ;)
      Pelo menos, uma coisa teve de bom, esse teu Timóteo, conhecermo-nos! :)

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