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sexta-feira, 24 de março de 2017

Para lá da conta


Simplesmente,
é assim.
Tem sido assim.
Desde aquele dia,
em que ouviste o que ansiavas.

E será assim,
simplesmente.
Daqui para a frente.
A cada dia.
Até ao fim de todos os mundos.
Os que existirem,
e os que se fantasiarem também.

terça-feira, 14 de março de 2017

Salteadores selectivos


Há beijos que nos tiram tudo.
Não é só o ar. Não é só o fôlego.
Despem-nos a pele, esvaziam-nos o corpo, aprisionam-nos a alma e sugam-nos o coração.
Depois, quando terminam, devolvem-nos, aos poucos, tudo aquilo que nos roubaram.

Ou talvez não.
Que não sei mais por onde pára a minha alma,
e já nem falo do coração.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

E é isto #19


Hoje é um dia lixado.
Não por estar com uma constipação daquelas que só desejamos passar ao nosso chefe ou à vizinha de cima que teima em andar de salto alto pela casa fora. (não tenho nem um nem outra. menos mal.)
Hoje é um dia lixado por ser o dezanove de Dezembro.
Hoje é um dia lixado porque, para além de pertencer ao último mês do ano (o mês que menos gramo), é o dia em que uma das pessoas mais importantes da minha vida inteira se foi.


Há dois anos, numa espécie de lei da compensação tardia, o acaso deu-me uma alegria. Pôs, no meu caminho, um turbilhão. Trouxe também, para além dele, um queque de limão e sementes de papoila com um ar para lá de duvidoso, mas que me soube bem. 
Este ano, não tenho nem uma coisa nem outra. O turbilhão anda pelo mundo fora. O queque, esse, ficará à minha espera naquela vitrine manhosa, junto às bilheteiras de cinema
Este ano, nem o queque nem o turbilhão. Só esta minha constipação.






nota: este ano, a lei da compensação veio em forma de pão com nutella. a constipação - que me agarrou e não me larga - não me deixou saborear grande coisa. mesmo assim, tinha de ser.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Porque não tenho uma máquina fotográfica nos olhos, nem uma memória infalível na cabeça


tenho de registar aqui, por palavras, aquele momento que ficará arrumado na gaveta das parvoíces nossas.



Cozinha mais linda do universo.
Tu. Eu.
Sentados.
Em posição de, soi-disant, confronto. Como sempre, quando estamos a comer.
Uma fatia de melão para cada um. Do bom. Do verde.
Saboreio descansada a minha, enquanto te vejo brincar com a faca que vai cortando pedaços da tua.
Não percebo que estás realmente a brincar.
Penso que estás a desafiar o tédio. Aquele que se instala enquanto esperas que a boca se esvazie até ficar de novo cheia com mais um pedaço de fruta.
De repente, viras a tua fatia de melão, já meio comida, para mim.

Colocas a dita fatia frente à tua boca que, entretanto, parou de mastigar.
E, por baixo desses teus olhos-azeitona bem abertos e cheios de uma ternura propositadamente lamechas, consigo ler:
XOXO, seguido de um coração habilmente esculpido.

E ri. Ri muito.
E tu também. desafio-te. tirares uma foto com a recriação da cena. yep. é comprares um melão verde. é cortares uma fatia. é escreveres de novo tal e qual. é colocares a fatia de forma estratégica à tua frente. é fazeres aquela expressão. é carregares no botão. é revelares a foto e entregá-la aqui à tua princesa. merci!

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Metia as minhas dez mãos no lume, se as tivesse, conforme iria ser assim.


Se isto fosse a brincar,
Se houvesse volta a dar,
Irias gozar com aquela situação.
Irias teimar que foi tudo encenação.
Um estratagema astutamente orquestrado por mim,
Para comer sozinha o brownie de manteiga de amendoim.

Se isto tudo tivesse sido a brincar,
Se houvesse alguma volta a dar,
Se estivesses, aqui, ao meu lado.
Se a nossa história não tivesse acabado.



  (onze de Junho de dois mil e dezasseis)

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

O pão que me sabe a ti


Há certos alimentos que associamos a determinadas pessoas.
Porque foram elas que nos levaram a descobri-los.
Porque é com elas que costumamos saboreá-los.
Porque, mal começamos a comê-los, vêm-nos ao pensamento essas mesmas pessoas.


Sempre que como pão doce, penso em ti.


Porque és tu que mo trazes.
E porque não sabia da sua existência antes de me teres trazido o primeiro.

É parecido com o folar. Tem o cheiro da regueifa. Mas não é nem uma coisa nem outra.
É pão doce.
E o certo é que não poderia ter outro nome.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Porque (quase) nunca é tarde demais





Um ano depois. Foi tão a tempo.
E soube-me melhor ainda.
Obrigada.
(estava a cruzar os dedos, quando disse que não tinha comido. :p)

quinta-feira, 14 de julho de 2016

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Quem tem filhos...*


Há uns tempos atrás, a Bolachita veio do fim-de-semana como nunca antes tinha vindo. 
Não queria nada comigo. Nem sequer queria olhar para mim. Quando tentei pegar nela, gritou, esperneou, rebolou no chão. Parecia ter o diabo no corpo. Parecia que nunca antes me tinha visto. Parecia que a própria mãe era uma autêntica desconhecida para ela. Pior do que isso, parecia que lhe tinha feito algum mal para ela reagir daquela forma comigo.
Aquilo passou. No dia a seguir, estava como se nada fosse. 
Mas aquela cena mexeu comigo. Bastante. Muito mais do que quis, até agora, admitir a mim mesma. 
A minha sorte foi não estar sozinha, naquele dia. A minha sorte foi tê-lo, naquele momento, a abraçar-me com toda a força - enquanto eu segurava umas quantas lágrimas que teimavam em tentar irromper destes meus olhos - e dizer-me o quão importante sou para ele. A minha sorte, naquela noite, foi poder adormecer agarrada a quem me ama. eu sei que te agradeci na altura. não sei é se te agradeci o suficiente.

Nos últimos dias, a Bolachita tem andado particularmente... sei lá eu como qualificar o modo como ela tem andado... lamechas? carente? ou outra coisa do género. O certo é que só pede colo. O certo é que quando não posso pegar-lhe - porque tenho de fazer o comer, ou lavar a loiça, ou pôr a máquina a lavar, ou estendê-la, etcétera e tal - ela começa a chorar, com os bracitos levantados na minha direcção. Ou, então, quando o desespero é mais que muito, agarra-se às minhas pernas e tenta trepar por mim acima. Paciência zero, esta miúda. Depois, quando lhe faço a vontade, abraça-me com tanta força que temo que me parta os ossinhos todos. E enche-me de beijos. Há dois ou três dias, depois de um abraço daqueles de tirar o fôlego, entre uns quantos hummmmm's de satisfação, olha para mim, agarra-me na cara e diz: tão fofa, mamã. Juro. Nem eu quis acreditar no que tinha acabado de ouvir. 

Não sei se é uma qualquer lei da compensação que decidiu por-se a funcionar de repente. 
Não sei se é simplesmente a lei natural das coisas.
Não sei se é a minha filha que sofre de uma bipolaridade afectiva qualquer, mas só mesmo comigo.
O certo é que dou um braço para ela não voltar a dizer-me aquilo. 
Uma pessoa tem uma certa reputação. Uma pessoa não quer perder essa reputação sólida - que demorou anos a construir, atenção - por causa dos devaneios de uma pirralhita. É que, verdade seja dita, uma pessoa não pode vacilar. Não pode nem deve.

E é isto.






nota: não deveria ser necessário acrescentar isto, mas a verdade é que a ironia é a melhor arma que tenho em meu poder. neste momento, diria até que é a única que valha a pena usar. não se ralem comigo.

* ... tem cadilhos, diz a sabedoria popular materializada num gajo que gosta muito de me atazanar o juízo.

domingo, 1 de maio de 2016

E agora...




quem é que é velhote?
Quem é? Quem é?












Tu. Só tu. Sempre e eternamente tu.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Lá por ser tua princesa, nunca deixarei de ser teu bicho



Por isso mesmo, sossega, Obélix.
Oui?

Do cume da montanha


desejo-te um




Porque foi no dia onze de Abril de dois mil e quinze que acordaste para a vida percebeste ter encontrado um caminho bastante* agradável em direcção ao cume da montanha e porque passagem de ano é quando uma pessoa quiser, decretei que hoje é dia de ano novo.


Começa aqui o segundo ano dos muitos que hão de vir.
Começa agora o segundo ano desta vida que é nossa.
Toda ela.
Minha e tua.

Um choque de punhos, com purpurinas.
* sempre achei que este 'bastante' não tinha qualquer razão de ser. substituiria o termo por 'imensamente'. mas isso sou eu.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Há sábados mais saborosos do que outros


não só por me aconchegarem o estômago,


com duas pizzas (só tirei a foto a uma. a outra já tinha ido)



e uma lampreia de maçã (era enorme. só que o resto também já tinha ido).




Mas essencialmente por me aconchegarem a alma. 
Com abraços apertados 
e outros miminhos bons, que também os há.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Queque de noz que se agarra aos dentes


Chegámos mais ou menos à mesma hora do que o ano passado. Só que, desta vez, não foi preciso esperar por ti. Entrámos juntos na gruta, com uma Bolachita mais rabugenta mas cada vez mais bonita.
Não havia queque de limão com sementes de papoila, nem queque de chocolate. Já nem galões fazem.
Sentámo-nos frente a frente, como no ano passado. Ficaste a olhar para a Pans e eu para todo um mudo de gente, tal e qual como há um ano atrás.
Também houve silêncios. Mas, este ano, foram muito mais tranquilos, serenos, naturais. Porque falar já não é uma necessidade. Porque já não é preciso colmatar um vazio indesejável. Porque já não existe esse vazio. Porque o preenchemos de nós. 
Este ano, já não te empurrei. Agarrei-me a ti. Porque sou tua. Porque és meu. Porque para o ano estaremos lá outra vez. Estaremos lá para o ano e até aos noventa e três. :)

sábado, 19 de dezembro de 2015

Mas ainda bem que assim foi


Não sei se foi o ar timidamente desajeitado,
não sei se foi o cabelo charmosamente grisalho,
não sei se foi o jeito bruto mas frágil de falar,
não sei se foi a forma de me olhar.

Não sei se foi o cuidado em tirar o grelo do alho,
não sei se foi o dom para o...* desenho,
não sei se foi o ensinar-me a gostar de nozes,
não sei se foi a maneira de comer filhoses*,
não sei se foi por também não gostar de coentros,
não sei se foi a singularidade dos nossos encontros.

Não sei se foi o atrevimento no querer-me,
não sei se foi o descaramento no ter-me,
não sei se foi o gosto pela banda desenhada,
não sei se foi por querer o tudo desse teu nada.

Só sei que te conheci há precisamente um ano,
e que isto de querer rimar não fica lá muito bacano.
Só sei que este dia passou a ser menos triste desde que te conheci,
só sei que não me apetece voltar a passá-lo sem ti. 




(já agora, continuo à tua espera. pois...)





* maldosos.
* esta foi só mesmo para rimar. claro que posso.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Não volto a dar confiança a gajos com mais de um metro e oitenta.


Pelo menos se os conhecer através do blogue.

Conheci um desses gajos, alto, há uns anos atrás. Foi através deste mundinho pequenino - mas tão fofinho - que é a blogosfera, evidentemente. Trocámos vários emails. Diariamente. Vários por dia, até. E com consistência. Nada de mails com uma ou duas perguntas e/ou afirmações. Mails longos e com conteúdo, atenção. Até aqui, tudo muito bem. Pensava ter encontrado um amigo para a vida. É que sou dessas gajas que sonha em ter um amigo homem. Chamem-lhe panca ou outra coisa qualquer ao vosso gosto. Mas eu cá - e as feministas que me desculpem - acredito que os homens são melhores amigos do que as mulheres. E ninguém me tira essa ideia da cabeça. Nem vale a pena tentarem. Teimoso és tu, ora essa.
Um amigo verdadeiro. Que não quisesse nada mais (e já é tanto) do que ser meu amigo verdadeiro. Era (e ainda é) o que eu queria (e, caso estejam a seguir o meu raciocínio, pela lógica, continuo a querer). Parecia-me que poderia vir a ser aquele. Cheguei a acreditar que já o era (boba que eu sou). Encontrámo-nos duas vezes. Bastaram duas míseras vezes para ele nunca mais querer falar comigo. Nunca mais.
A primeira vez, estivemos umas sete horas juntos. Non stop. A conversar e a comer. Já nessa altura, achei que havia coisas estranhas, que não batiam tão certo assim. Já nessa altura, ele deve ter percebido que aquela minha conversa de que sou bruta mesmo não é a brincar (não entendo por que raio as pessoas teimam em achar que estou na tanga quando digo que sou bruta. sou bruta, sim. e sincera. doa a quem doer. sou bruta, muito bruta nessa minha sinceridade).
Mesmo assim, e - que me lembre - por iniciativa dos dois, houve um novo encontro. Muito mais rápido do que o primeiro. Não sei ao certo quanto tempo demorou. Talvez uma hora ou duas. Fui mais uma vez sincera. Sincera demais?, poderá estar a questionar-se uma parte da malta ou toda, sei lá. Mas isso existe? Para mim, uma pessoa ou é sincera ou não o é. Ponto. Nunca se é sincero demais. E, quando se é sincero de menos, não se está a ser sincero de todo. Ponto final.
Cheguei a sentir-me um tico (um tico grande, diga-se de passagem) mal, confesso. Cheguei a ponderar, por breves instantes, se não deveria ter sido menos sincera. Rapidamente percebi que não. Sou assim mesmo. E, se efectivamente as pessoas forem minhas amigas, vão perceber que a minha sinceridade é a base da verdadeira amizade que tenho para lhes dar.

O segundo gajo. Alto. Pois que também foi através deste mundo virtual que o conheci. Não o posso comparar ao outro. A não ser pelo tamanho. Até porque não se pode (ou, melhor, não se deve) comparar pessoas. Uma história nada teve a ver com a outra. Trocámos mails. Não diariamente, mas com alguma regularidade.
Primeiro encontro. Certinho direitinho. O gajo mais parecia um anjinho.
Segundo encontro. Nada certinho nem direitinho. O gajo sentiu-se à vontadinha. A coisa não acabou assim tão bem.
Terceiro encontro (sim, houve um terceiro. simplesmente porque aqui a Mam'Zelle - que não é de deixar passar uma boa oportunidade de colocar as pessoas nos seus devidos lugares - queria dar-lhe nas orelhas, forte e feio). Difícil definir este terceiro encontro. Mesmo ele tendo conseguido descrevê-lo relativamente bem.
O certo é que se seguiram outros encontros. (Há gajos que gostam de sofrer.) Uns mais melodramáticos do que outros.
O certo é que os encontros continuaram a existir. Cada vez mais próximos (os encontros. não ele e eu. não que não estejamos mais próximos. mas sim por essa parte não ser da vossa conta.)
O certo é que já deixou a escova de dentes em minha casa. E, chatice das chatices, não posso propriamente dizer que foi desta que ganhei um amigo verdadeiro como há pouco o defini.


Resumindo e concluindo. Não vale a pena meterem-se comigo, gajos com mais de um metro e oitenta. Já tive/tenho a minha dose.
Agradecida.




nota: aquela parte da escova de dentes foi na reinação. não a deixou em minha casa coisíssima nenhum. pura e simplesmente porque não lhe dou confiança para isso. ainda... :p

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Guilty pleasure

Dançar contigo, ao som desta música, quando aprenderes a dançar kizomba ou então quando deixares de ser casmurro e entrares na (minha) onda.









nota: e foi desta, com muita pena minha, que o C.N.Gil deixou definitivamente de passar por aqui.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Vício da semana #18



O título deste post é descaradamente irónico.
Não, não fiquei viciada por estas bolachas. Não mesmo. Nem um tico.
Podem ter sido feitas com todo o carinho do mundo (ainda que tenha as minhas dúvidas). Mas o sabor não acompanhou, de todo, a dedicação com que foram feitas.

Lembram-se de uma alminha me ter falado de umas bolachas de aveia e chocolate? (quem não se lembrar, pode reavivar a memória aqui)
Lembram-se de eu ter tentado recrear as ditas bolachas, mesmo não tendo tido acesso à receita completa? (quem não se lembrar, pode ir cuscar aqui)

Pois bem. A alminha, apercebendo-se de que eu não tinha feito as bolachas como era suposto, começou por me enviar a receita mais pormenorizada. A mesma alminha, constatando que aqui a Mam'Zelle se marimbou redondamente para a receita e não se voltou a meter em aventuras doceiras, resolveu passar à acção, fazer as famosas bolachas e trazer-mas. (já não era sem tempo. pxiu.)

Não sei se foi dedicação a mais ou sorte a menos. O certo é que aquilo se come com dificuldade. Muita dificuldade. Aquela textura agarra-se aos dentes e até ao céu da boca. O sabor também não ficou top, supostamente, por falta de cozedura. E, moral da história, estou com uma dor nas queixadas que não é brincadeira.

A minha sorte é ter uns laivos de optimismo, de quando em vez. 
Ou seja, ainda não perdi as esperanças de comer umas bolachas de aveia com pepitas de chocolate (e não meteoritos) em condições.
Um dia, quem sabe.
Faz mais. ooohhh, vá lá. faz...

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Isto poderia muito bem ser um pedido de desculpa


Mas não o é.

Faz hoje meio ano, jour pour jour, que os meus pés se zangaram comigo. Seis meses depois, ainda estão amuados. Profundamente chateados com a dona, assim é que é.

Naquele dia, dezanove de Dezembro de dois mil e catorze, foi só uma pequena birra. Acharam que seria uma vez sem exemplo. Pensaram que, como já o tinha feito anteriormente, usaria saltos nesse dia, durante umas horitas e depois voltaria àquelas solas rasteiras que tanto prezam. Até porque não era a primeira vez que usava saltos altos. E os meus pés lembravam-se disso muito bem. Em ocasiões especiais, em dias de festa, em datas comemorativas, acontecia colocar um sapatito mais alto. E os meus pés não me levavam a mal. Afinal, aquelas ocasiões justificavam o pequeno sacrifício. 
Naquele dia, que tinha sido o pior dia da minha vida há catorze anos atrás, não era dia de festa. Não era dia de comemoração. Não era um dia especial. Talvez por isso, os meus pés não entenderem a minha escolha e ficarem um tico incomodados. Não fazia sentido, para eles, terem de levar com saltos para um mero encontro com um amigo-desconhecido da blogosfera. Daí a birra. Mas eu nem pensei duas vezes, na altura. Tinha de levar saltos. Tinha de sabotar qualquer hipótese de ser motivo de piada por causa do meu metro e sessenta e três. E assim fiz.

A situação tornou-se mais problemática quando os meus pés se foram apercebendo de que os sapatos de salto alto tinham vindo para ficar. A consciencialização foi gradual. Não foi, no entanto, menos violenta por causa disso. 
Depois daquela primeira vez, passaram-se mais de dois meses até voltar a calçar saltos altos. Uma pausa razoável, pensaram os meus pés. A terceira vez, já demorou muito menos tempo. Quinze dias de intervalo. Depois, três semanas... A seguir, duas... Uma... Três dias...
Foi assim, gradualmente - mas de forma não menos violenta - que os meus pés souberam pertinentemente que já não haveria semana sem terem de levar com saltos. Com desconforto. Com dedos esmagados. Com parte de traz do tornozelo vermelha. Basicamente, com dores. Uns sensíveis, os meus pés. Uns fracos. Uns verdadeiros meninos. É que não saem nada à dona. Nada mesmo.




Não lhes peço desculpa, aos meus pés, simplesmente porque não pretendo deixar de os usar, os saltos altos. 
Espero continuar a calçá-los. 
Todas as semanas. 
Sem excepção.
Era bom sinal.