Mas não o é.
Faz hoje meio ano, jour pour jour, que os meus pés se zangaram comigo. Seis meses depois, ainda estão amuados. Profundamente chateados com a dona, assim é que é.
Naquele dia, dezanove de Dezembro de dois mil e catorze, foi só uma pequena birra. Acharam que seria uma vez sem exemplo. Pensaram que, como já o tinha feito anteriormente, usaria saltos nesse dia, durante umas horitas e depois voltaria àquelas solas rasteiras que tanto prezam. Até porque não era a primeira vez que usava saltos altos. E os meus pés lembravam-se disso muito bem. Em ocasiões especiais, em dias de festa, em datas comemorativas, acontecia colocar um sapatito mais alto. E os meus pés não me levavam a mal. Afinal, aquelas ocasiões justificavam o pequeno sacrifício.
Naquele dia, que tinha sido o pior dia da minha vida há catorze anos atrás, não era dia de festa. Não era dia de comemoração. Não era um dia especial. Talvez por isso, os meus pés não entenderem a minha escolha e ficarem um tico incomodados. Não fazia sentido, para eles, terem de levar com saltos para um mero encontro com um amigo-desconhecido da blogosfera. Daí a birra. Mas eu nem pensei duas vezes, na altura. Tinha de levar saltos. Tinha de sabotar qualquer hipótese de ser motivo de piada por causa do meu metro e sessenta e três. E assim fiz.
A situação tornou-se mais problemática quando os meus pés se foram apercebendo de que os sapatos de salto alto tinham vindo para ficar. A consciencialização foi gradual. Não foi, no entanto, menos violenta por causa disso.
Depois daquela primeira vez, passaram-se mais de dois meses até voltar a calçar saltos altos. Uma pausa razoável, pensaram os meus pés. A terceira vez, já demorou muito menos tempo. Quinze dias de intervalo. Depois, três semanas... A seguir, duas... Uma... Três dias...
Foi assim, gradualmente - mas de forma não menos violenta - que os meus pés souberam pertinentemente que já não haveria semana sem terem de levar com saltos. Com desconforto. Com dedos esmagados. Com parte de traz do tornozelo vermelha. Basicamente, com dores. Uns sensíveis, os meus pés. Uns fracos. Uns verdadeiros meninos. É que não saem nada à dona. Nada mesmo.
Não lhes peço desculpa, aos meus pés, simplesmente porque não pretendo deixar de os usar, os saltos altos.
Espero continuar a calçá-los.
Todas as semanas.
Sem excepção.
Era bom sinal.
Um minuto de silêncio em honra dos teus pés, sniff! São uns mártires! Não haja dúvidas :)
ResponderEliminarÂngela
Ai tu ainda gozas? Malvada… ;p
EliminarOlha que ainda não me esqueci do lanche:) É só dizeres quando :)
EliminarBom fim de semana
Bjts
Ângela
Então mas a menina não lê as minhas respostas aos comentários que me deixa, não? Pois que faz muito mal. ;p
EliminarAté porque foi exactamente o que disse num outro comentário que me deixaste. ;)
Envia-me mail com a tua disponibilidade. A ver se nos arranjamos. :)
Beijo
Eu acho que devias pedir o divórcio aos pés:)
ResponderEliminarParece-me que são eles que vão pedir primeiro, Til. ;)
EliminarEstou cheia de pena dos teus pés. Já me deixei de saltos há muito.
ResponderEliminarComo disse, só comecei a usar saltos com alguma regularidade há seis meses. Dei-lhes descanso ao longo de trinta e sete anos. Sendo assim, parece-me que não têm muita razão de queixa, os meus pés. ;p
EliminarUma óptima reflexao!!!
ResponderEliminar"Todas as semanas.
Sem excepção.
Era bom sinal." - que superem as tuas expectativas!!!
finger cross ;)
Muito obrigada, Saritah.
EliminarÉ sempre bom perceber que há quem torça por nós. ;)
(já te disse que eras uma fixe? já? pronto… :D)
O texto deu-me sono e não cheguei a perceber se fizeste aquela mini-maratona de salto altos. Ganhaste alguma medalha?
ResponderEliminarGostei muito da foto. Só é pena apareceres lá e destoares um pouquito.
:p
Eiii...
Ainda não percebi por que raio não adormeces antes de deixares estes teus comentários estupidamente parvos e chatos.
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