Eu não queria falar neste assunto. Juro que não. Primeiro, porque já meia blogosfera falou no caso. Depois, porque, quem falou, falou muito bem. Finalmente, porque quando se deu a volta ao assunto, não há mais o que acrescentar. Mas, assim, de repente, lembrei-me que tinha uma filha. Lembrei-me também que, por acaso, essa filha é uma bebé com menos de um ano de vida. Juntei um mais um e percebi que este assunto tinha de me tocar pessoalmente, no mais profundo do meu ser. Só por isso e por mais motivo algum, é meu dever falar aqui no caso Mimikas. Não numa perspectiva castradora, de crítica destrutiva, como o fizeram certos blogues de renome. Mas sim na perspectiva de uma mãe que quer o melhor para a filha (Mam'Zelle e Bolachita, respectivamente).
Vamos então ao que interessa.
Eu pr'aqui a imaginar, com toda a convicção do mundo, que a minha Bolachita, quando fosse grande, seria uma mulher de sucesso (não saindo à mãe, mas só neste aspecto). E vai-se a ver, chega um Mimikas e tira-me qualquer esperança que tal aconteça um dia. Tudo isto por causa do nome escolhido. Pelos vistos, um simples nome faz toda a diferença. E que diferença, minha gente. O caso é sério.
Então é o seguinte, segundo o ilustre pai do pequeno Mimikas, qualquer recém-nascido que se preze tem de ter um nome com determinadas características para chegar longe (tipo Austrália ou Conchichina, suponho eu). Pois que aqui a Bolachita terá de se ficar mesmo por Coimbra e arredores, que o seu nome não dá para mais. É triste. É devastador. Mas a realidade é só uma e temos de a aceitar com a paciência e a humildade que tal situação requer.
Vejamos agora os aspectos necessários para se ser um bebé com futuro promissor:
- O nome não pode ter cedilhas nem acentos. Fiquei radiante. E estupefacta. Como é que consegui tal feito? Então não é que o nome da Bolachita não tem nenhuma dessas mariquices? Palmas para mim.
- O nome tem de começar por uma letra que fique lá para o meio do alfabeto, para a criança não ser nem das primeiras nem das últimas a irem ao quadro. Bolas, aqui o meu entusiasmo baixou um tico, tipo soufflé de principiante. O nome da Bolachita começa por uma das primeiras letras do alfabeto. Fosca-se. Preparem as pedras, os calhaus. Mãe como a Mam'Zelle tem de ser linchada por tamanho erro. Mas esperem lá. Vamos pensar melhor que este pormenor até se resolve. Uma coisa é certa, o nome também não começa pela primeira letra do alfabeto. Ou seja, se houver muitas Anas, muitos Antónios, muitas Auroras, muitos Álvaros, muitas Alexandras, muitos Andrés, muitas Armindas, muitos Albanos e por aí fora na turma dela, a Bolachita está safa. Ufa! Querem ver que a coisa até vai lá com um pouco de boa vontade.
- O nome tem de ter só duas sílabas. Porra pr'a isto. E, essencialmente, porra pr'a mim. O nome da Bolachita tem quatro sílabas. O dobro das recomendadas. Chatice. E agora, hein? Isto é que é um caso sério. Pensa, Mam'Zelle... Pensa. Tem de haver solução para isto. E, de repente, fez-se luz nesta minha cabecita oca. Fácil. Super fácil. Basta dar-lhe um petit-nom. Para além de ser super chique, dá para inventar qualquer coisinha só com duas sílabas sem grande esforço. Bola ou Chita. Hum... acho que consigo melhor. Já houve quem se chegasse primeiro e usasse estes fofinhos petit-noms. Chichi. É pá, soa a fralda suja. Chichu. Fica Chichu e não se fala mais nisso. Estou a sair-me bem. Muito bem. Super bem. Diria até mega bem.
- O nome tem de ter a letra K. Caraças. Por esta é que eu não esperava. Trocaram-me as voltas todas. Nem o nome, nem o petit-nom que eu escolhi para a Bolachita tem K. Como é que eu não me fui lembrar de uma coisa destas? K é, em português, a letra mais lógica para ser usada no nome de qualquer recém-nascido (eu não disse que sou uma mãe desnaturada? Confirma-se). E agora? Já que me consegui safar com os itens anteriores, tenho de ultrapassar com sucesso mais este obstáculo para o bem da Bolachita e da sua carreira internacional de sucesso. E que tal alterar um tico o petit-nom? Assim como assim, só lho dei há coisa de trinta e quatro segundos. Dá para alterar na boa. Vamos lá ver. De Chichu passa para Chiku. Ui, calma... assim fica uma palavra homófona de uma marca conceituadíssima para putos. Ainda sou acusada de contrafação. Isso é que não dava jeitinho nenhum. Não vai de uma maneira vai de outra. Kichu. Boa. Está feito. E pensando bem, olhando para a coisa com olhos de ver e com o distanciamento necessário, pergunto-me como é que fui capaz de pôr outro nome à Bolachita. Kichu é do mais giro, internacional, poderoso e respeitável que há.
Obrigada, Kapinha. Fico-te a dever uma.
Para todo o sempre, agradecida.