quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Conversas em tempo de crise


Ontem.
Na cozinha. 
Sentados. Ele e eu. Frente a frente. Na península que sonhei ilha mas que não passou do sonho por causa dos escassos metros quadrados que compõem o espaço.

- A que horas foste buscar a tua almofada?
- Por volta da uma e pouco, acho eu.
- Não voltes a fazer isso, está bem?
- ...

Não lhe respondi por não saber se estaria, de facto, bem.




Entre dois goles de chá. Sem nada a acompanhar. O que, por si só, já é surpreendentemente revelador.

- A verdade é que f*demos, mas as coisas continuam mal, o que é f*dido.


Não me respondeu. Não abriu mais a boca. A não ser para falar breve e desajeitadamente do tempo lá fora, depois de ter ido respirar fundo a uma das seis janelas da sala.


(quinze de Agosto de dois mil e dezasseis)

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