quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Aquela casa (per)feita para mim


Andei muito tempo à procura de casa. Durante meses e meses (a bem dizer, passou mais de um ano) percorri Coimbra com vários agentes imobiliários. Fiquei a conhecer ruas por onde nunca tinha passado. Fiquei perita em áreas, exposições solares e outras coisas mais.
Foi muito difícil encontrar uma casa que correspondesse ao que eu queria. Foi muito difícil entrar num espaço e sentir que poderia ser o meu futuro lar. Pensei, por várias vezes, que não seria possível chegar lá. Mas, um belo dia (pensando melhor, talvez não fosse tão belo assim), apresentaram-me aquela casa. E, antes mesmo de entrar, gostei dela. Gostei daquelas paredes, daquela fachada antiga, dos seus pormenores. Entrei e confirmei o que, para mim, já era óbvio. Era aquela casa mesmo que eu queria. Tanto a quis que hoje é minha.
 
Havia muito para mudar, na minha casa. Era antiga. Estava maltratada. Mas tinha um charme inconfundível. Começaram-se as obras. Entusiasmada, fui escolhendo os materiais que a iriam tornar efectivamente minha. E o tempo foi passando. E as obras iam estagnando. E as desculpas foram surgindo. E eu fui aguentando e acreditando na palavra de quem não merece o chão que pisa. Fui mantendo a calma porque aquilo era o início de uma nova vida. Fui adiando o inevitável porque queria acreditar que a Bolachita dormiria no seu quarto novo antes de completar o meio ano de vida.
Mas um dia não deu mais. Um dia tive de dizer basta. E o pior não é ter investido dinheiro no vazio de um empreiteiro sem escrúpulos. O pior não é a Bolachita ainda ter de dormir num quarto que não é o dela. O pior não é ter sido roubada e ter a casa num estado lastimável. O pior também não se fica por todos os problemas que surgiram depois disso e que não têm resolução à vista (e acreditem que esta parte está a ser do mais lixada que pode haver).
O pior de tudo é já não conseguir entrar naquela casa. O pior é o entusiasmo se ter transformado, a pouco e pouco, num misto de cansaço incomensurável e desilusão profunda. O pior é já não conseguir ver à frente aquele sítio que imaginei como sendo o lar perfeito para mim.
 
O pior é, antes mesmo de poder ir para lá viver, já não sentir aquela casa como sendo minha.

17 comentários:

  1. Não penses assim, estás cansada, só isso.
    Quando as obras (finalmente) terminarem, começas a pensar na decoração da casa, ou então até podes começar já a fazê-lo, porque decorar uma casa não é de um dia para o outro, o tempo vai passando e as obras (na sua languidez) lá terminarão... e nesse dia já sabes onde ir buscar tudo para transformar uma casa num lar...
    Estás cansada, só isso... descansa. :)
    IF

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    1. 'só isso'? Era bom, era...
      Como expliquei, os problemas deixaram de se resumir à conclusão das obras mesmo se esta parte já é, por si só, bastante difícil de se resolver...
      Mas muito obrigada pelo apoio :)

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    2. Quando tudo passar, quando a poeira acalmar (há uma música assim, não há? Eu acho que há), vais ver que sim...
      Beijinhos grandes.
      IF

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    3. É pá, eu só conheço uma música que é 'quando a chuva passar/quando o tempo abrir', mas eu não sou dona da verdade... ;p
      Obrigada, I.
      Beijinhos gordos!

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  2. Mam'Zelle
    Pára! Ouve o que te digo: pára. Senta-te no teu sofá encarnado, ajeita o teu pelo-na-venta e come um bolinho, daqueles que se agarram aos dentes. Come três ou quatro. Mas nao abuses sua lambona.
    Sao tudo fases. Estás desmoralizada com o teu "quatro paredes" por causa das imbessilidades dos outros!
    Quando o fim finalmente chegar, vai ser um regalo.
    Quantos salpicos de chocolate irás pulvurizar na cozinha verde menta, hummmm? Já estás a imaginär, o fumegar dos bolos a inundarem os Zeus sentidos!?!?!
    A bolachita na sua cadeira laranja quatro estrelas e meia estilo vintage a degustar um belo piteu, no contraste com as cores que tao bem planeaste.
    A mesma, a bolachita a construir sonhos no seu reino de arco-iris.
    E tu Mam'Zele a respirares no teu e só TEU lar-doce-lar.


    - escrevi o teu nome sem copiar. Se tiver errado, azaritos eheheheh
    - desconhecia por completo que vivias em Coimbra. Sempre te associei ao minho. Nao perguntes o porquê!
    - mas q fotos sao aquelas, ali em cima, hummm???? De dedo no nariz!?!?! Lingua de fora!?!?!? Que menina provocadora

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    1. Parei. Ouvi tudinho que disseste (não me sentei no sofá vermelho, mas só porque não dava jeito para continuar a ler o teu comentário). Vou comer já a seguir. Não é bolo mas pão. Também consigo arranjar daquele que se agarra aos dentes, uma delícia com um tico de manteiga. (abuso pois!)
      O fim não está tão perto de chegar...
      Imaginei tudinho, com dificuldade, mas esforcei-me, por ti, e consegui imaginar. E pareceu, de facto, bom. Mas foi só imaginação, Sarah...
      Agora, fiquei tristita com uma coisa. Não falaste dos meus super hiper mega giros candeeiros. Aqueles que encontrei no olx. Lembras-te. Não me digas que também não foste sensível à beldade da coisa?

      - escreveste duas vezes. a primeira bem. a segunda mal. para a próxima, não falhas! ;)
      - pois que andas desatenta. estou farta (pronto, nem tanto) de dizer que vivo em Coimbra.
      - provocadora? nope. palhacita, sempre ;p

      (obrigada pelo comentário. és uma fixe, pá!)

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  3. Ohh... Tem calma. Todos temos fases más na vida e certamente essa vai passar. Para tudo tem de haver uma solução e vais ver que, com muita paciência, depressa te vais ver livre desse problema. Boa sorte! :-)

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    1. Espero que passe, sim. Depressa, tenho a certeza que não será. Mas se conseguir resolver, um dia, já será bom...
      Muito obrigada, Caco!

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  4. A minha oferta mantem-se válida, se precisares que te ajude a bater no empreiteiro é só chamares, que eu num saltinho ponho-me em Coimbra! (ok, agora estou um bocado longe mas a coisa arranja-se!).
    Bestas quadradas que desanimam uma pessoa assim :\ Pode demorar, mas assim que conseguires resolver toda esta trapalhada vais voltar a sentir a casa como tua :) tenho a certeza! Boa sorte*

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    1. Ai que eu li "abater o empreiteiro", lol. (Bom, com os contactos correctos, também se arranjava!)
      IF

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    2. Se tens a certeza, Anouska, quem sou eu para contestar ;)
      Muito obrigada!
      (se eu precisar de mais dois braços, aviso :p)

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    3. Ahahahahah! Abater também não. Credo!
      (quoi que...)

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  5. Não te vou dizer para teres calma porque há dias em que só apetece gritar até nos falhar a voz e mandarmos o mundo, especialmente quem nele habita, a um certo sítio... Esse empreiteiro merece que lhe cresça um pinheiro num certo sítio, e um pinheiro com muitos ramos e carregadinho de pinhas!

    Espero que tudo se resolva o mais rápido possível, as obras e todo o resto!!

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    1. Eheheh... merecia isso e muito pior, NTW...

      Muito obrigada. Mesmo :)

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  6. Deixa de ser parvinha. Uma coisa não destrói a outra. Isso é mentalidade de pessoa menor.

    I

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    1. Deixa de ser parvinho. Uma pessoa que não sabes da missa a metade não tem autoridade para lançar palpites. Isso é mentalidade de pessoa boçal.

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