terça-feira, 7 de janeiro de 2014

E, hoje, somo mais um


do que o ano passado.

Sou a mesma. Mas tanta coisa mudou.
Fazendo as contas, já estava grávida da bolachita, há um ano atrás. Mas nem sonhava com algo parecido.
Tentei vestir aquele vestido das fotos de novo, há dias. Não me serve.
Nada de ficarem já todas contentes, gajas maldosas. Não me serve nas mamocas. Só nas mamocas. Que o resto está tal e qual como há um ano atrás. Ok, tenho a pele da barriga a descascar-se toda. Aquela linha vertical, vestígio da gravidez, também está a desaparecer. Só isso.
A minha mãe ainda se sentia cheia de saúde, há um ano atrás. Não paro de pensar nisso. O estado dela não me deixa parar de pensar nisso. Estou triste. Não me lembro de estar assim, no meu dia de anos. Mesmo já tendo estado pior, há treze anos atrás. Devo ter apagado esse aniversário da memória. Este ano é diferente. Este ano ainda há esperança. Este ano estou cansada. Estou muito cansada, mas não desisto de ter esperança.

O meu pai ligou-me, logo pela manhã. Cedo. Estou em Portugal há quase dezoito anos e o meu pai nunca me ligou nos meus anos. Nunca me desejou os parabéns. A não ser hoje. Preferia que não me tivesses ligado, logo de manhã cedo. Preferia que não me tivesse desejado os parabéns, hoje. Como não o fez, há um ano atrás.
Era bom sinal.

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