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sexta-feira, 3 de março de 2017

Melhor do que comer?



Partilhar.

Partilhar uma refeição.
Feita em conjunto.
Com amor.




nota: esta foto tem mais de um ano. o post também. mas poderiam ter sido de agora. só já não fazemos bacalhau escondido na broa há uma data de tempo. e, parecendo que não, é uma falha. Das grandes.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O mail que vira post #2


O mail de que falei ali atrás.
Melhor dizendo, partes do dito mail. Porque há coisas que não devem ser partilhadas com toda a gente. Mesmo eu sabendo perfeitamente que a malta que por aqui passa não é uma gente qualquer (muito menos é toda a gente).

[...]
Cheguei a pegar nele e dirigir-me à caixa. Estive lá uns dois ou três minutos. Dei meia volta nas minhas sapatilhas novas que fazem pandã com as tuas e voltei a colocar o casaco onde o tinha pegado minutos antes. Não fiz figura (muito) triste porque estava uma fila valente de pessoas a quererem levar o mundo todo da Mango nos braços. Deu a sensação que não estava para esperar, que tinha mais o que fazer da minha vida.


Naqueles dois ou três minutos pensei em muita coisa. Primeiro na minha mãe. Sempre ela. Que me comprou o meu primeiro e único perfecto (até agora) quando eu ainda era uma adolescente. Lembro-me de ela ter insistido para eu comprar outro modelo. Mais "normal". Mais bonitinho. Mais parecido com o da minha irmã. Mas eu não quis. Queria um perfecto ou nada. Lembro-me da cara do meu pai ao ver o preço. Lembro-me de perceber que o valor daquele casaco era mais ou menos equivalente ao meu peso em ouro. Lembro-me de a minha mãe o cheirar e dizer que era pele da boa. Lembro-me do meu sorriso vitorioso e satisfeito ao sair daquela loja do mercado de Clignancourt. Devia ter uns treze ou catorze anos. 
[...]

O perfecto que me comprou a minha mãe desapareceu há muito tempo. Há mais de vinte anos. Pensei nele muitas vezes, nesse espaço de tempo. Fiquei irritada, triste, rabugenta. Não só pelo casaco, pelo seu significado também. Muito mais pelo seu significado, tenho noção disso agora. Muitas vezes, tive vontade de ter outro. Mas nunca comprei nenhum. Sei agora que não comprei nenhum porque o perfecto é muito mais do que um casaco de cabedal para mim. É a minha adolescência. É a minha mãe. É uma parte da minha vida que me marcou. Sou eu. Agora. Mas com mais vinte e cinco anos no lombo. Nunca comprei outro porque nunca teria aquela magia. Seria quase um sacrilégio, comprar outro, entendes? 

Então por que raio, nos últimos tempos, meti na cabeça que queria outro? Porquê? Porque tenho de quebrar a onda negativa (triste?) que, também, envolve essa recordação do famoso perfecto. Não devemos esquecer as coisas. Nunca. Mas devemos seguir em frente. Devemos ser felizes, porra. Devemos aproveitar o que temos e não chorar (até que interiormente, na maioria das vezes) por já não termos o que se foi. (e não, não estou a falar do perfecto perdido. falo de pessoas. falo daquelas que tanto foram para mim e que já não tenho aqui comigo.) 
Um novo perfecto é seguir em frente. E se não o tive até hoje é porque não tinha de ser. [...]





Já o tenho. 
Vinte e cinco anos depois. 
Se isto não é um sinal. Que se lixem todos os sinais por este mundo fora.
Obrigada. Obrigada por me levares a querer outro. Sem culpas. (com um aperto no peito, é certo. porém pequeno. ninguém se faz, pronto.)
Obrigada. Mesmo. 
Mas olha que era suposto ser só um.
E agora?