Há pessoas que, para além de desonestas e mentirosas, também são muito descaradas. Infelizmente, vi-me obrigada a lidar directamente com várias pessoas deste tipo, de há uns tempos para cá. Não estava habituada a isso. Não acredito que um dia venha a estar.
Ontem, pela primeira vez - mas palpita-me que não será pela última - fui chamada ao Julgado de Paz por causa de um desses indivíduos. Meteu-me um processo, o sacana. E, para além de tempo, lá tive de arranjar paciência por causa daquela criatura. Nem sei bem onde. Até porque a paciência nunca foi um dos meus pontos fortes. E lá tive de respirar fundo umas quantas vezes, de olhos fechados (resulta sempre melhor), antes de entrar naquela sala onde estivemos frente a frente.
Olhei-o sempre nos olhos. Sempre. Ele não o fez uma única vez.
Eu afirmo que o senhor está a mentir, olhando-o nos olhos. Repita lá o que acaba de dizer olhando para mim também, se for capaz.
Não foi capaz. Falou sempre olhando para a mediadora ou, quando precisava de se dirigir a mim, olhando para as suas próprias mãos que não parava de esfregar uma na outra.
Não houve acordo. Não quis sair da sua posição, naquele momento. Expliquei-lhe que tinha até hoje para desistir da instância. Visto eu ter até segunda-feira para redigir a minha contestação. O estupor disse que ia pensar. Sabendo perfeitamente que não tinha qualquer razão, precisava de pensar, aquele grande mentiroso. Eu acho que, depois daquela hora de fantochada, estava tudo mais do que pensado. Sabia perfeitamente que, caso continuasse com a queixa, a sua converseta não iria resultar, tendo em conta as provas que eu tinha. O problema dele era assumir, à minha frente, que a história que tinha inventado não tinha pernas para andar. O problema era aquele homem assumir que tinha sido um filho da mãe e que não se pode ganhar sempre. Desta vez, quem ganhou fui eu.
Ainda só venci uma micro batalha. Tenho plena consciência disso. Que venha de lá essa guerra.