sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Será que ainda dá para trocar, por funcionamento defeituoso?


Já tem trinta e sete anos. É capaz de ser um tico tarde para uma reclamação.


Sempre achei, e até já disse por aqui, que não tenho coração. Atenção, o órgão vital com esse nome, sei perfeitamente que o tenho. Mam'Zelle não é um robô. Já confirmou isso mesmo, nas suas funções de comentadora de blogues alheios com moderador de comentários (o que é uma verdadeira chatice, diga-se de passagem). Agora, aquele que é ligado aos sentimentos, nunca me deu grandes sinais de vida.

Desde que tenho a Bolachita, o caso mudou de figura. Descobri que esse coração das lamechices, que tanto me irritam (nem todas, vá), também existe em mim. Está cá, não restam dúvidas. Mas veio com defeito de fabrico.


É rebelde demais. Não se molda. Mesmo eu tendo tentado moldá-lo à força, desde que te conheci e que insististe em ficar na minha vida. Percebi isso logo na altura. A minha rebeldia e a tua compreensão. O meu mau feitio e a tua boa vontade. O meu esforço e a tua dedicação.
Acredito que também tenhas percebido que o meu coração (aquele que sempre pensei não ter. mas que afinal está cá, bem vivo) nunca seria verdadeiramente teu. Acredito porque sempre fui sincera contigo. Sincera demais, dizias. Acredito que sabias porque, apesar dessa tua teimosia em ver as coisas como gostarias que elas fossem e não como elas realmente são, és tão inteligente quanto persistente.
Tentei sentir-te nessa parte do coração dedicada aos afectos mais íntimos que se sentem entre dois seres que se querem amantes. Mas o coração defeituoso só te conseguia guardar naquela parte dos afectos de quem se quer como amigo. Quis crer que aquilo que o coração me deixava sentir era o suficiente, porque tantas vezes me repetiste isso mesmo. Levaste-me a acreditar que o meu coração era diferente de todos os outros e que só conseguiria sentir aquilo mesmo, seja por ti ou por outra pessoa qualquer.
Enganamo-nos a nós próprios. Nunca um ao outro. Isso é que importa. E não me arrependo. A Bolachita nunca deixará que me arrependa. A Bolachita mostra-me, todos os dias, que as coisas não poderiam ter sido de outra forma. A Bolachita prova-me, sempre que me agarra com força, que tudo tem uma razão de ser. E não há razão mais perfeita - de tão bem feita - do que a nossa filha.

Só queria que entendesses que não voltarei a mentir a mim mesma. Não basta aceitares o que te digo. Precisas entender e parar de esperar em vão.



E, quando recebo destas coisas, tomo consciência de que ainda não entendeste verdadeiramente. Sinto que ainda esperas aquilo que não depende de ti nem de mim. Mas sim deste meu coração defeituoso.


E mais do que irritar-me, isto preocupa-me.

12 comentários:

  1. A vida não (nunca?) é fácil. Mas a sinceridade ajuda.

    Bjs

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    1. A sinceridade é sempre meio (todo?) caminho andado para a descomplicação.

      Bem-vindo distopiadaimagem!
      (tenho a sensação de que já nos ‘conhecemos’ e que até temos algumas coisas em comum. estarei enganada? ;D)

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  2. Senti as tuas palavras. Senti a tua angustia. Senti o teu novo querer.
    Vai Mam´Zelle. Segue o teu caminho. Com esse teu coracao defeituoso. E sê feliz! Por ti!

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    1. Já te disse que és uma fixe? Já? Pois. :)
      Muito obrigada, comadre linda.

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    1. Eiiiiiiiiiiiiiii… calminha, Anouska. Menos, muito menos. :p
      A Mam'Zelle tem muitos defeitos, mas não é medricas. ;)

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  4. A única garantia que podes ter é que, desde que queiras, haverá quem saiba “concertar” um “coração defeituoso” … o “problema” é encontrar esse alguém! ;)

    Beijinho grande,
    FATifer

    PS- 37… cada vez acredito menos em coincidências.

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    1. Olha quem fala… :p Mas olha que nada é garantido, FATifer. Nada.

      Beijo gordo.

      P.S. ;)

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  5. Ai sim? Então devolve os M&M's.
    Ai já estão abertos? Compras um novo.
    Não queres, não abrias. Assunto resolvido.
    Fico à espera deles.

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    1. Mas quem é que te disse que fui eu que abri? Quem? Pois.
      Se calhar, era mais sensato* meteres-te na tua vidinha insignificante em vez de dares palpites na dos outros.
      Ficas à espera? Ai agora assumes identidades alheias, é? Era só mesmo o que faltava ao teu vasto rol de… anomalias (isso).

      * procura o significado no Priberam.

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  6. É triste não podermos escolher quem amamos, especialmente quando se trata de alguém que o merece. Gostava muito de ter essa capacidade.

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    1. Tudo seria mais fácil, sem dúvida Joana, se pudéssemos escolher. Mas a facilidade nem sempre é o melhor caminho. :)

      Bem-vinda (ou será que já passaste por cá?)!

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