quarta-feira, 18 de julho de 2012

Eu só queria ir buscar o meu pão...


... não pretendia ser abordada por outro.


Não gosto de fazer compras no Pingo Doce. Mas, não há dúvida, o pão de lá é bem melhor do que o do Continente (e os tremoços. Também prefiro os tremoços do PD). Faz hoje uma semana, na passada quarta-feira portanto, eram umas 18h30' (já passava, às 18h29' ainda estava a enviar um email com um desejo de boa sorte e uma promessa de ficar a torcer pela vitória), lembrei-me que já não tinha pão. Peguei nas minhas perninhas e lá fui, passeio fora, até ao supermercado. Na ida, passei por uma paragem. Nessa paragem, estava um rapazito, à espera, suponho, do seu autocarro. Olhou para mim. Também cheguei a olhar para ele. Continuei o meu caminho. Comprei o pão e, com um saco em cada mão, fiz o caminho inverso. Quando estava a chegar à paragem de há bocadito, apercebi-me que o mesmo rapaz ainda lá estava, à espera. Percebi também que estava a olhar para mim, de forma mais insistente. Eu, menina tímida por natureza, fiquei um pouco sem jeito e, nem sei bem porquê, com algum receio de passar por ele. Tímida, mas corajosa, continuei a caminhar sem atravessar para o outro lado da rua, como, admito, ainda cheguei a pensar fazer. Chegou o momento em que me cruzei de facto com o moço. Passei à frente e respirei melhor. Afinal, já tinha passado o desconforto. Ele já estava para trás. O problema foi eu respirar cedo demais. Sinto, de repente, um dedo a tocar-me no ombro direito. Viro-me e lá está ele, o rapazito-moreno-lábios-interessantes-olhos-grandes. E saiu-lhe um "Desculpa, mas, desde que passaste por mim a primeira vez, fiquei aqui a pensar de onde é que te conheço". Comecei por lhe responder com uns olhos bem abertos e, se não me engano, a boca também deixaria entrar uma mosca, ou duas, se elas andassem por ali. Fiquei assim uns três segundos. Depois, comecei com um piscar de olhos intermitente, mais lento no início, de seguida mais rápido. Só queria perceber se era imaginação minha, se estava a ver coisas. Mas eu bem que pisquei, voltei a piscar e o moço continuava à minha frente. À espera, já não do autocarro, mas da minha resposta. Acredito que tenha ficado a pensar que eu sofria de alguma deficiência qualquer. Mas têm de entender que não me acontecem estas coisas todos os dias. Não deu para eu me preparar. Para eu treinar o melhor olhar. Para arranjar o ar perfeito e o gesto certo. Muito menos deu para elaborar uma resposta consistente. Sempre consegui lançar-lhe um "desculpe, mas deve estar equivocado". Virei-me e continuei o meu caminho.



Agora, escuta, ó rapazito. Sim, neste momento, estou a falar directamente para o moço. Quem sabe se ele não passa por aqui? Quem sabe se, na passada quarta-feira, não foi a Mam'Zelle que o miúdo reconheceu? Digo-te - podes acreditar em mim - eu sou mais ou menos normal. Desculpa a resposta meio bruta, abrupta, distante, pouco simpática. Mas, compreende, eu não estava à espera. Eu não imaginava que me ias tocar no ombro, nem que me ias fazer a pergunta da praxe no que ao engate diz respeito. Se fosse agora... Ai, se fosse agora tinha acrescentado umas palavrinhas mais ternas. Por isso, aqui vão elas: mete-te mas é com garotas da tua idade! Pode ser? Olha que eu quase* podia ser tua mãe, ó garanhão!



* pensando melhor, arrisco-me a dizer que o “quase” está a mais. A não ser que o rapazito pareça ter uns 18 anitos e, afinal, já tenha uns 30. Se tivesse sido mãe-adolescente-inconsciente-ramboieira, o meu filho poderia ter sim uns 18 anos**. E agora é imaginar uma parte da malta a fazer contas de cabeça para tentar chegar à idade da Mam'Zelle... Ou não.


** e é por estas e por outras que uma pessoa percebe que, efectivamente, está a ficar velha...


nota: não fiquem, com isto, a pensar que eu sou abordada todos os dias. É que ontem falei do quarentão, hoje do rapazito da paragem, podem ficar a pensar coisas erradas. O moço já foi há uma semana atrás. E passam-se semanas e semanas sem ouvir um pio. Essencialmente se sair pouco de casa e se não passar frente a trabalhadores de uma obra qualquer.

8 comentários:

  1. ahahahahahahahahahahahahah...andas a ser muito assediada!! Será que és mesmo gira?? Ou os homens perderam o gosto?? (bem, podes não ser gira e ter charme :P)

    (opah, quando te leio a boa disposição é uma certeza :) )

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    1. Nem eu sou mesmo gira, nem os homens perderam o gosto, nem eu tenho charme. A culpa é da crise, sabes ND. Da crise e da vaidade. Há aqueles homens que precisam de óculos, mas não gostam de os usar (vaidosos) e não têm dinheiro (maldita crise) para as lentes. É verdade, e eu fui logo dar com dois desses homens. Ceguetas e vaidosos ;p

      (isso é que eu gosto de ouvir ;))

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    2. Looolll...a crise é desculpa para tudo e mais alguma coisa... :)

      Ah, esqueci-me...gostei do formato da tua boca e da cor dos lábios...olha, queres ver que também és vaidosa!!??!!???...

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    3. Bem, temos de aproveitar que ela anda por aqui para, pelo menos, a usar como desculpa em algumas situações... ;)

      Obrigada. Mas vaidosa porquê? Pela cor dos lábios, é isso? Olha, é muito raro os meus lábios verem batom. Esta foto foi tirada há algum tempo com um propósito que nada tem a ver com este blogue, como, aliás, acontece com a maior parte das fotos que coloco por aqui. E, para o efeito, dava jeito a cor dos lábios sobressair. Daí ter usado um batom rosa choque.
      Não sou gira, nem sou de me maquilhar, portanto. Mais alguma pergunta? ;p

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    4. Lá está: foi esse baton rosa choque que atraiu o catraio...tens de ser mais discreta...:)

      (por hoje, o interrogatório está completo...aliás, pelo resto da semana e fds :P )

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    5. Mas tu andas cansado, anormalmente distraído ou não dás atenção ao que aqui escrevo só porque sim.
      Eu expliquei que esta é uma foto antiga, não expliquei? (já que és tão observador, bastava olhar para o comprimento do cabelo) Eu expliquei que não uso batom no dia a dia, não expliquei? Qual a conclusão óbvia a que se chega? O catraio não viu rosa choque nenhum! E eu sou muito discreta! Entendido, ND? ;p

      (a sério? nem mais uma perguntinha até à semana que vem? Não sei se aguento... :p)

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  2. Muito bom! Acho que o moço queria meter-se contigo :p

    homem sem blogue
    homemsemblogue.blogspot.pt

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