Foi preciso um telefonema - um tico atribulado, diga-se de passagem, que até me desligaram na cara, uma sem vergonhice, digo-vos - para me aperceber de duas características minhas. Dois tiques, vá. Vamos lá chamar os bois pelos nomes.
Primeiro tique.
Quando estou a pensar - estando ao mesmo tempo constrangida, pouco à vontade [com vontade de fugir, melhor dizendo], colocando a hipótese de dar dois estalos a mim mesma por me ter colocado em tão desconfortável situação - pego no meu indicador direito e bato com ele, ao de leve, no centro do meu lábio inferior. Este procedimento dá origem a um som, extremamente subtil, quase imperceptível, que me agrada e me deixa um tico menos desconfortável.
Segundo tique.
Quando se instala um silêncio super embaraçoso - que dura há poucos segundos, mas que parece prolongar-se há meia vida e mais um par de dias e acabamos por desconfiar que a pessoa do outro lado já desligou, mas não conseguimos confirmar com um 'está?' porque o constrangimento tira-nos faculdades que devem estar ligadas ao domínio da fala - pego no mesmo indicador direito e passo-o, suavemente, num movimento de vai e vem, de cima para baixo e vice versa, no pentágono que se situa entre o nariz e os lábios. Pensando a posteriori, poderá ser uma forma de distracção para que a suposta eternidade não demore tanto(?).
Obs: sentem que este texto está um tico confuso? muito diferente do discurso elegantemente fluente e airoso a que vos tenho habituado, desde sempre? Pudera, toda eu estava uma confusão pegada. Ceci explique cela. Voilà, voilà.
Obs: sentem que este texto está um tico confuso? muito diferente do discurso elegantemente fluente e airoso a que vos tenho habituado, desde sempre? Pudera, toda eu estava uma confusão pegada. Ceci explique cela. Voilà, voilà.
[3 de Junho de 2019]
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