Sou uma criança grande*. Não tenho como negar (aliás, já o confessei aqui, sem qualquer pingo de vergonha). Também não tenho vontade alguma de deixar de o ser. Há até quem diga que sou um bebé grande. Neste caso, e agora que me tornei quase perita na matéria, não posso deixar de discordar. É que, aqui a Mam'Zelle, não é desdentada. Aqui a Mam'Zelle não fala uma língua estranha que só ela entende (mesmo se, de vez em quando, até parece). Aqui a Mam'Zelle não precisa de ajuda para levantar o rabiosque da cama. Aqui a Mam'Zelle não põe a língua de fora por tudo e por nada (quoi que...). E, sendo assim, não restam dúvidas, portanto.
Durante a última semana, andei em pulgas a fazer uns trabalhos manuais. Daqueles que metem lápis, régua, tesoura, cola, feltros, ideias malucas a fervilhar e mãos sujas a trabalhar. Em suma, estive a fazer bricolage de criança. Algo que me dá gozo, mas que não fazia há algum tempo. Fiz muito disso, enquanto estive grávida da Bolachita. Volta e meia, surgia-me mais uma ideia que tinha de pôr em prática para ela. Tenho caixotes e caixotes cheios de desenhos, quadros, trofeus e outras bugigangas que fui fazendo para decorar o quarto dela. O problema maior, neste momento, é saber quando é que ela terá esse quarto. Mas, isso agora, não interessa nada.
Estive, então, com a mesa da sala cheia de cortes e recortes. Profusão de cores. Lápis espalhados. Ou seja, confusão da boa. Tudo partiu da minha entrada numa simples loja. Mal entrei, dei de caras com um livro de actividades. Percebi logo que era perfeito para uma determinada pessoa. Trouxe-o para casa (o livro de actividades, não a pessoa, atenção. deus me livre de tal coisa...). E, a partir daí, foram surgindo ideias, umas atrás das outras. É que eu não sou pessoa de enviar simplesmente o livro. Tinha de tornar a coisa menos impessoal. Tinha de a tornar efectivamente minha. Tinha de ser uma surpresa de mim para aquela pessoa em questão. Uma surpresa que não faria sentido ser para mais ninguém a não ser ela. Disso é que eu gosto.
Tanta lenga lenga para dizer uma coisa muito simples.
Sou uma criança grande e gosto de pessoas que, consciente ou inconscientemente, me ajudem a nunca deixar de o ser.
Sendo assim, obrigada (também) por isso.
* acho uma chatice de todo o tamanho não haver um equivalente, no feminino, ao conceito de "puto". É que é isso mesmo que eu sou: um puto grande, só que em versão gaja.
(foram várias as vezes em que dei por mim a usar a palavra no feminino, quando queria referir-me a uma miúda. nem vos digo nem vos conto a vergonha estampada na cara com que ficava, logo a seguir. já consigo controlar melhor isso. mas não foi fácil.
Não sei se me fiz entender, mas vale o mesmo.)
* acho uma chatice de todo o tamanho não haver um equivalente, no feminino, ao conceito de "puto". É que é isso mesmo que eu sou: um puto grande, só que em versão gaja.
(foram várias as vezes em que dei por mim a usar a palavra no feminino, quando queria referir-me a uma miúda. nem vos digo nem vos conto a vergonha estampada na cara com que ficava, logo a seguir. já consigo controlar melhor isso. mas não foi fácil.
Não sei se me fiz entender, mas vale o mesmo.)