E agora? O que é que eu faço?
Não estou em mim. Uma pilha de nervos desde ontem à tarde que nem vos conto.
Não, não foi por causa da reunião de pais que, por acaso também tive ontem, ao final da tarde e que custa sempre um tico. Essencialmente porque foi a primeira. E, talvez, um pouco também, por não me dar bem em ajuntamentos de muitas pessoas que não conheço, nem pretendo conhecer. Deixei de dar aulas. Por alguma razão foi. Foram várias, aliás, mas uma delas foi esta.
Bem, já me estou a dispersar. E não é isso o pretendido.
Até porque o caso é sério. Eufemismo tremendo, este meu. O caso é de alerta vermelho. Isso sim. Não sei o que será de mim a partir de agora.
Desabafar, é o que me resta.
E o que poderá ser melhor do que desabafar com esta malta que, nem sei bem como, ainda se dá ao trabalho de por aqui passar? Nada.
Agradeço, antes que me esqueça, a todos. Todos os que passam, que já passaram e que passarão.
A tristeza maior, aquilo que mais temo no mais fundo das minhas entranhas é que, quando souberem o que tenho para vos revelar, desertem de vez este casebre que tanto trabalho me deu a construir e que, ainda hoje, me rouba um tempo precioso. Gosto de dar, o que se há-de fazer. Altruísmo puro. Acreditem.
Vamos lá concentrar-nos, que já me estava a desviar outra vez.
Então não é que, pelos vistos, a minha psicóloga anda nisto dos blogues?
Então não é que, não bastando andar metida nisto, lembrou-se de revelar a minha ficha clínica (ou lá como se diz, que eu não sou entendida nessa matéria)? Essa mesma ficha que deveria ser estritamente confidencial e seguir para o túmulo, juntamente com essa minha psicóloga, no dia em que for desta para melhor.
Pois bem. Escarrapachou tudo. Tudinho. Não escondeu nada. Nadinha. E a Mam'Zelle sente-se nua. Despida de si mesma. Muito mais do que quando corta, propositadamente, o cai-cai nas fotos que aqui vos deixa.
E como não quero que saibam disto-da-minha-vida por portas travessas, que este blogue sempre se regeu pela honestidade suprema, aqui fica tudo (quase tudo, vá, poupo-vos certas partes mais enfadonhas) o que, em blogue alheio, a senhora foi escarrapachar a meu respeito.
Desfrutem. Que não se lê disto todos os dias.
Começa pela análise clínica:
Digam lá se não me descobriu a careca? É que eu estou farta de dizer que sou bruta. E ruim. E insensível. Lá isso é verdade. Mas não estava preparada para que a malta também soubesse que sou cruel e intolerante. Assim. De repente. Do pé para a mão.
E caprichosa? E imatura? E amarga? Isto são cenas que preferia guardar para mim. Como é evidente. Pois que me parece que ninguém gosta que todo e qualquer mortal saiba dos seus podres mais secretos. Tão secretos que até eu os desconhecia.
Continua com uma crítica séria e objectiva aqui ao casebre (para além de psicóloga também é
expert em blogues, o que desconhecia de todo):
Aqui fiquei um tico triste, confesso. Quem é que não gosta, não se identifica e não segue um blogue deste gabarito? Pessoa sem gosto, sem identidade e sem net, na certa.
Termina com o aconselhamento personalizado:
Gostei. Só não achei bem pedir-me para deixar de ser menina. Não me dava jeitinho nenhum ter de mudar o guarda roupa todo. Ainda para mais agora, que se acabaram os saldos. Deixar crescer a barba. E cuspir para o chão. À macho.
Agora digam-me lá, não é caso para eu querer cortar os pulsos, a ver se alguém me liga às máquinas?
Eu cá acho que sim.
Já que todo o meu ser interior foi exposto, convido quem quiser a ajudar a minha psicóloga a apetrechar o seu trabalho. Estão à vontade para acrescentar as patologias que julguem estar em falta neste belo estudo. É que, seguir a Mam'Zelle ao longo de quatro anos, também vos dá uma credibilidade não negligenciável.
Em nome da senhora doutora psicóloga, agradeço, desde já, o vosso humilde contributo.
nota: só para o caso de passar por aqui alguém que ainda desconheça o meu jeito parvo de lidar com situações parvas surreais, informo que nunca precisei de recorrer aos serviços de um psicólogo. No entanto, é verdade que existe uma pessoa que se deu ao trabalho de fazer a exaustiva, idónea e brilhante análise da minha pessoa que acima apresentei. Isto tudo, gratuitamente. E, só por isso, ser-lhe-ei eternamente grata.
nota2: o facto de me achar uma 'menina' fez-me ganhar o dia de ontem. e todos os que ainda tenho pela frente. não tarda nada, sinto-me uma verdadeira adolescente outra vez.