segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

E é isto #28

Ando cansada.

Que me desculpem a lógica e a retórica, mas diria até que sou cansada. Pelo menos é o que sinto. Não sei precisar há quanto tempo sou assim. Mas acredito que assim seja há já algum tempo. Alguns anos...
Quatro. Pronto. Está dito. 
Não me deixo convencer disso, porque dói. Mas a grande verdade é que há quatro anos que a vida me é mais cansativa do que supostamente deveria ser. Mais cansativa do que costumava ser. Mais cansativa do que o normal para a minha idade e as minhas actividades diárias. Há quatro anos que sinto um cansaço inexplicável. Pesado. Intrínseco. Invasor. Insuportável. Por mais que tente lidar com ele sem grande alarido, tem-se tornado, a cada dia que passa, mais insuportável. Nem sempre tenho consciência desta minha condição de cansada. Porque faço de tudo para camuflar tal evidência. Para a esconder na minha alegria habitual. Para a confinar num canto insignificante da minha pessoa. No entanto, e apesar destes meus variados subterfúgios, não desaparece. Muito pelo contrário.
Quero acreditar que nunca consegui combater este cansaço porque nunca o assumi directa e efectivamente. E não o assumo por medo. Admito. Temo que me faltem as forças para o combater. Temo perceber, no decorrer dessa batalha, que não sou tão forte como sempre fui. Como sempre fui antes de o cansaço se apoderar do meu corpo e começar a contagiar o meu cérebro que sinto cada vez mais lento. Temo mostrar a quem me rodeia que, de facto, não sou tão forte como continuam a achar que sou.
Escrevo estas linhas e apercebo-me de que nunca verbalizei isto antes. Nunca me sentei para reflectir sobre esta minha condição. Nunca quis assumir como tenho andado nos últimos quatro anos. Aliás, desde que comecei este texto, já escrevi várias frases que apaguei logo a seguir por achar que estava a exagerar. Por pensar que estava a dramatizar. Por sentir que me estava a vitimizar. E o meu feitio agreste não me permite dessas coisas, por mais cansada que esteja.

Nestes quatro anos, vários acontecimentos, não-acontecimentos, circunstâncias da vida, mexeram com este meu estado. Percebi, nesses momentos, que o assunto não estava devidamente arrumado. Tentei remediar as situações intermédias. Olho para trás e acho que só fiz porcaria. Fiz o que pude, mas não fiz nada de jeito. E isso é o que mais me incomoda. Incomoda-me que o facto de ser cansada estrague o meu viver. Lixe a minha vida.
Porque, aos poucos, me fragilizou.
Porque toda eu sou vulnerabilidade, sob esta minha carapaça de gaja forte.



Sou cansada, há quatro anos. É um facto. Está escrito.
Agora vou tentar descansar.



[seis de Dezembro de dois mil e dezassete]

10 comentários:

  1. Depois de ler este post apetece-me mesmo dar-me um abraçinho!!! Sei tão bem como te sentes. Passei por isso e não foi assim há tanto tempo atrás. Manifesta o teu cansaço, permite-te senti-lo e expressa-o a quem te é próximo. Ninguém é de ferro querida. Não te desgastes mais ainda a tentar combater algo que, ao oferecer resistência, só se torna mais forte dentro de ti. Assumir que sentes isso é meio caminho para essa sensação diminuir. Estás a precisar de "me time", para descansar e não só. Tenta delegar algumas coisas em quem te pode ajudar. E não penses que "não há ninguém". Pela minha experiência "há sempre alguém" que te quer e pode ajudar. Não vais ser menos nem pior do que és por isso. Beijo no coração para a minha mau-feitio preferida :) desta outra mau-feitio.

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    1. Com que então, apetece-te dar-te um abracinho? E eu? Onde fico nessa história?! ;p
      As tuas palavras fazem todo o sentido, sei bem disso. Mas eu sou um bicho estranho. Pelo menos, como podes ver, ando a assumir muita coisa, já não é mau de todo… ;)
      Ooooh… um beijo bem gordo para ti também. :)

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    2. Olha a minha dislexia a manifestar-se! :D O abracaçinho era para ti, claro! :D Acredita que está deste lado alguém que te compreende. Quando quiseres abrir o coração estou aqui para ti. Seja no blog, por email, ou outro meio de comunicação. Temos muito em comum. Beijo

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    3. Eheheh. Mas olha que abraçarmo-nos a nós mesmas também é bom, de vez em quando. ;p
      Se era para mim, pois que o aceito de bom grado, esse teu abraço. ;D
      Mais uma vez, muito obrigada, The Coacher. Muito obrigada mesmo. :)
      Beijo gordo!

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  2. Ah... e qualquer coisa apita ;)

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  3. Especialmente hoje, este texto diz-me mais do que "devia".

    Bom descanso, Mam!

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    1. Lia... És tu?
      Aquela Lia que passava por cá tipo… noutra vida?

      Obrigada! :)

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    2. Exactamente... Eu mesma! Mas não a mesma da outra vida, se é que me faço entender :)

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    3. Que esta vida te seja mais doce do que a anterior. É o que te desejo. ;)

      Seja muito bem-regressada, menina Lia!

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