...Alfred de Musset.
Tout vrai regard est un désir.
E eu concordo plenamente com o senhor Alfred. Um olhar pode dizer mais do que mil palavras. Isso já toda a gente sabe, pois é o que se costuma dizer. Mas é muito mais do que isso. Um olhar (se for um olhar verdadeiro, como o poeta diz e eu repito) não só fala como quer, deseja e, acrescento eu, pede bem mais do que qualquer discurso. Por mais estruturado e ensaiado que o tal discurso seja.
O único problema, desta coisa do olhar, é que nem sempre quem vê o tal olhar é capaz de o entender. Nem todas as pessoas são capazes de decifrar o desejo contido num verdadeiro olhar. Aí é que, aquilo que até podia parecer bonito (sensual, arriscar-me-ia a dizer), se torna feio. Medonho mesmo. Ou seja, aí é que a porca torce o rabo, como diz o povo (e, por conseguinte, eu) e muito bem.
Ora vejam.
Quando vou ao supermercado e olho (com o meu olhar verdadeiro, sublinho), olhos nos olhos, o moço da caixa, os meus olhos desejam que ele me deixe levar os seis litros de leite e/ou o franguito assado sem que passe o código de barras pela maquineta.
E quando vou fazer a revisão do carro e, afinal (e muito estranho, também), os pneus estão carecas (nem se percebe como ainda não tive um despiste daqueles mesmo feios) e a direcção está toda torta (idem aspas) e os limpa vidros estão sem borracha (com chuva pode ser tramado) e o diabo a quatro? Quando isso tudo acontece, numa mesma revisão (sou miúda com pouca sorte, confirma-se), o meu olhar verdadeiro deseja que o sr. Zé do Pistão me faça um belo de um desconto.
Quando vou a uma agência de viagens e a minha única opção é aquela que "oferece" duas noites na Conchichina (sem pequeno almoço, nem nada e ainda com a cama a ter de ser feita por minha conta), o meu olhar também quer, também deseja, também pede. Bastava uma semanita, em regime de tudo incluído, numa ilhazeca qualquer das Bermudas e já ficaria sobejamente satisfeita.
E, agora, pasmem-se, minha gente. Pois que o meu olhar verdadeiro bem deseja, mas não leva nada. Nem do moço do supermercado. Nem do sr. Zé do Pistão. Nem da tiazeca da agência de viagens. Na-da. É triste. É injusto. É feio. É medonho. Mas é a dura e ingrata realidade.
Por isso, Alfred de Musset, muito obrigadinha pelas tuas belas palavras cheias de significado. Agradeço, de coração. Mas eu vou continuar a usar os meus olhinhos para ver. Ver, enquanto descasco uma maça. Não vá eu cortar um dedito, que tanta falta me faz. Ver, ao atravessar a estrada. Não venha um carro desmandado atropelar-me. E, aí, estou para ver se faço falta a alguém...
Quando vou ao supermercado e olho (com o meu olhar verdadeiro, sublinho), olhos nos olhos, o moço da caixa, os meus olhos desejam que ele me deixe levar os seis litros de leite e/ou o franguito assado sem que passe o código de barras pela maquineta.
E quando vou fazer a revisão do carro e, afinal (e muito estranho, também), os pneus estão carecas (nem se percebe como ainda não tive um despiste daqueles mesmo feios) e a direcção está toda torta (idem aspas) e os limpa vidros estão sem borracha (com chuva pode ser tramado) e o diabo a quatro? Quando isso tudo acontece, numa mesma revisão (sou miúda com pouca sorte, confirma-se), o meu olhar verdadeiro deseja que o sr. Zé do Pistão me faça um belo de um desconto.
Quando vou a uma agência de viagens e a minha única opção é aquela que "oferece" duas noites na Conchichina (sem pequeno almoço, nem nada e ainda com a cama a ter de ser feita por minha conta), o meu olhar também quer, também deseja, também pede. Bastava uma semanita, em regime de tudo incluído, numa ilhazeca qualquer das Bermudas e já ficaria sobejamente satisfeita.
E, agora, pasmem-se, minha gente. Pois que o meu olhar verdadeiro bem deseja, mas não leva nada. Nem do moço do supermercado. Nem do sr. Zé do Pistão. Nem da tiazeca da agência de viagens. Na-da. É triste. É injusto. É feio. É medonho. Mas é a dura e ingrata realidade.
Por isso, Alfred de Musset, muito obrigadinha pelas tuas belas palavras cheias de significado. Agradeço, de coração. Mas eu vou continuar a usar os meus olhinhos para ver. Ver, enquanto descasco uma maça. Não vá eu cortar um dedito, que tanta falta me faz. Ver, ao atravessar a estrada. Não venha um carro desmandado atropelar-me. E, aí, estou para ver se faço falta a alguém...
Encontrei-te, li-te e ri-me...não foi preciso "o olhar" :)
ResponderEliminarBem, conseguiste arrancar-me um dos poucos sorrisos que dei hoje. Obrigada por isso NightDark.
EliminarFico satisfeita por te ter feito rir. Estamos quites, portanto. ;)
Muito bem-vindo!
Nada que agradecer...quanto ao estarmos quites, depende de quem se riu mais...;)
EliminarBem, penso que risos e sorrisos não se medem pela intensidade, mas sim pela sinceridade dos mesmos. E o meu sorriso foi verdadeiro (tal e qual o meu olhar que, esse, não resulta ;p).
EliminarSem dúvida: nada como sorrisos verdadeiros...bah, então...estamos mesmo quites!
Eliminar...quanto ao olhar, parece-me que intimidas demais as pessoas...eheheh
Ahahahah! Mas porquê? Eu? Intimidar? Quando desejo/peço coisas tão simples?
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